Os combates na cidade de El Fasher, no Sudão, estão a colocar inúmeras vidas em risco. O alerta vem do subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.
Ele disse que o país está num “ponto de inflexão” com dezenas de civis mortos no confronto entre o exército sudanês e as forças de apoio rápido, RSF.
Danos ao hospital
A cidade de El Fasher, que alberga cerca de 800 mil pessoas, é a única em Darfur do Norte que ainda não está sob controlo da RSF.
De acordo com o Gabinete da ONU, OCHA, os confrontos da última sexta-feira, incluindo ataques aéreos e uso de armas pesadas, começaram a meio da manhã na parte oriental de El Fasher e continuaram até às 18h30.
Segundo a agência, os confrontos estenderam-se ao centro da cidade, à periferia do mercado principal e aos bairros, resultando em civis mortos e feridos.
Griffiths informou que um ataque danificou o telhado da Unidade de Terapia Intensiva do Southern Hospital, na cidade de El Fasher, deixando dois jovens mortos. Este é o único hospital em funcionamento no estado de Darfur do Norte, onde os suprimentos médicos estão “perigosamente baixos”.
4,9 milhões à beira da fome
Profissionais humanitários da ONU relatam que a escalada de violência em torno da cidade de El Fasher está relacionada com as persistentes obstruções à entrada de ajuda, deixando a população à beira da fome.
Só em Darfur, cerca de nove milhões de pessoas necessitam hoje de assistência humanitária. Em todo o país, o número chega a 24,8 milhões, quase um em cada dois habitantes.
A última avaliação dos níveis de fome no Sudão, realizada no final de Março, revelou que 17,7 milhões de pessoas, mais de um terço da população, enfrentavam insegurança alimentar aguda, IPC3, ou pior, com o nível três indicando “crise” e cinco indicando “Fome”. ”.
Destas, 4,9 milhões de pessoas estão à beira da fome, alertaram especialistas da iniciativa de classificação Fases Integradas de Segurança Alimentar.
Dados alarmantes de deslocamento
O inquérito indicou que quase nove em cada 10 pessoas ao nível do IPC4 estão em áreas afectadas por conflitos como Darfur, Cordofon, Carterum e Jazirah. Com o início da época de escassez a partir de Abril, a insegurança alimentar deverá piorar ainda mais, observaram os especialistas.
Segundo a agência da ONU para as migrações, OIM, cerca de 570 mil pessoas foram deslocadas no estado de Darfur do Norte nos últimos 13 meses e 6,7 milhões foram deslocadas internamente. Outros 1,8 milhões fugiram através da fronteira sudanesa, segundo dados da Agência das Nações Unidas para os Refugiados, ACNUR.
Segundo agências de notícias, o diretor médico do hospital de El Fasher disse que os pacientes estavam sendo tratados em qualquer espaço disponível nas instalações, inclusive nas varandas.
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