‘Sempre estive cercada de música’, diz a cantora F…

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Aos 21 anos, a cantora Florfilha de Seu Jorgelança seu primeiro EP, Imprensacom sete músicas originais. Influenciada pelo pai, mas também pelas músicas pop americanas (mora nos Estados Unidos desde os 10 anos, quando a família se mudou para Los Angeles), Flor canta ora em inglês, ora em português. “Penso no que estou sentindo e quais palavras seriam adequadas para estar ali, seja em inglês ou em português”, diz. As inspirações também vêm de uma mistura eclética que vai da bossa nova ao jazz, do pop ao funk, da MPB ao R&B.

O álbum, porém, não é a primeira incursão de Flor na música. Sua primeira música foi escrita aos 6 anos. Aos 18 gravou a música com Marisa Monte Para melhorarescrito por ela quando ela tinha 12 anos. Em entrevista a VEJA, Flor falou sobre o processo criativo, como foi imigrar para os Estados Unidos e sua relação com o Brasil e como lida com as críticas de quem diz que ela é uma nepo baby.

Como seu pai influenciou você a se tornar cantora? Tem influências de muitas pessoas. É do meu pai, do meu, dos meus amigos. Estive rodeado de música durante toda a minha vida. Nem sei se foi uma decisão ou uma força da natureza que me levou à música. Sempre cantei para mim mesmo, sempre escrevi letras desde os 7 anos. Meu pai me influenciou muito, afinal, como a pessoa mais próxima de mim pode não influenciar o que eu faço? Adoro ver meu pai no palco. Ele é maravilhoso. Minha primeira paixão pela música veio de vê-lo no palco. Além de me mostrar muitas referências.

Você mora nos Estados Unidos desde os 10 anos, quando seu pai se mudou para a Califórnia. Suas músicas misturam letras em português e inglês. Ao compor você pensa em um público específico? Eu componho para o mundo. A música À beira da piscina Está indo muito bem em Tóquio. A primeira música que misturou os dois idiomas foi Chegue ao Céu. Foi natural. Quando ouço a base da música, penso no que estou sentindo e quais palavras seriam certas para estar ali, seja em inglês ou em português. Sou grato aos meus pais por terem se mudado para cá e vivenciado outra cultura. A música aqui em Los Angeles é tão viva quanto São Paulo ou Rio.

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Seu pai se tornou uma celebridade internacional depois de aparecer nos filmes de Wes Anderson e também Cidade de Deus. Como é a sua relação com a fama? Você sentiu pressão ao lançar este álbum? Todo mundo sabe disso, mas é menor que no Brasil. A pressão veio de outros lugares, principalmente quando eu tinha 15, 16 anos e ainda não tinha lançado nada. Mas não sinto mais tanta pressão. Hoje eu me manifesto da maneira que quero me manifestar.

De onde vêm suas inspirações na hora de compor? Isso vem da vida. E digo isso de uma forma muito literal. Não se trata de relacionamentos. Me inspiro na comida que provei, no clima lá fora, nos filmes, na arte, na política. Acho que tudo na vida me dá inspiração para escrever. Cada música tem seu tema, seu pensamento e seu ritmo. É assim que funciona. Fui criado em uma casa que adorava jazz, hip-hop, rock, The Smiths. Gosto de bandas como Ezra Collective, Yussef Dayes e Elijah Fox.

Aos 18 anos você gravou com Marisa Monte o novo disco dela Portas. Como foi esse processo? Nem acreditei quando a Marisa Monte me pediu para gravar com ela. Não foi presencial porque foi durante a pandemia. Gravei e no Zoom ela falou: “faça assim”, “tente relaxar um pouco”, etc. Me senti muito confortável, principalmente com a letra de uma música, Para melhorarque escrevi com ela e meu pai quando tinha 12 anos.

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Como foi crescer nos Estados Unidos sendo filha de brasileiros? Não tive vontade de voltar para o Brasil, vivo sempre no presente. Se estou aqui, estou aqui agora. Vou descobrir o que quero mais tarde. Continuo tentando encontrar uma tribo de pessoas da minha idade. Conheço poucos brasileiros que moram aqui, a maioria são idosos, seria bom para mim me sentir um pouco mais perto de casa. Visito muito o Brasil e estarei lá em breve.

Como você lida com as críticas quando as pessoas dizem que você é um bebê nepo? Eu sou o que sou. Quando me lancei na música, queria ser o primeiro a dizer quem sou: “Estou aqui, estou fazendo a minha coisa. Sim eu sou [nepo baby]”. Ponto final, acabou, tirei isso do meu caminho. Ele sabe? Esse meu álbum eu fiz com meu pessoal aqui, estou fazendo o meu próprio.

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