Intérprete de Sílvio Santos na cinebiografia Sílvioque estreia nos cinemas em 12 de outubro, Rodrigo Faro falou em entrevista a VEJA sobre o desafio de vivenciar o maior comunicador da história do Brasil. Dirigido por Marcelo Antunez e produzido por Fabio Golombek, o filme relembra o sequestro do dono do SBT por Fernando Dutra Pinto, em 2001, quando o empresário ficou refém dentro de sua própria mansão no Morumbi para diversas obras. No filme, Silvio (Rodrigo Faro) reflete sobre momentos importantes de sua vida, incluindo o arrependimento pela primeira esposa, Maria Aparecida, falecida em decorrência de um câncer, e o descaso paterno com a filha primogênita, Cintia Abravanel. O filme chega aos cinemas quase um mês após a morte do apresentador, no dia 17 de outubro, aos 93 anos, após um caso de broncopneumonia causada pelo vírus H1N1.
Confira a entrevista com Rodrigo Faro:
Durante o período de pré-produção do filme, você conheceu Silvio Santos para conversar sobre esse papel. Como foi esse encontro? Cheguei no camarim dele no SBT, ele estava assistindo A Pantera Cor de Rosa na TV, tinha acabado de fritar o bife — tinha aquele cheiro de fritura no ar. E aí eu sentei, ele me perguntou: ‘A que devo a homenagem’, aí comecei a contar a história do filme. Ele começou a perguntar sobre o roteiro, sobre o que tinha e o que não tinha, perguntou se o filme iria se recuperar da aparição do vendedor ambulante, confirmei. Depois ele falou um pouco da vida dele, de passagens da vida dele, da relação dele com a Globo, do início do SBT, e tudo isso foi um laboratório para mim. Lá eu vi o Silvio falar no tom que ele fala normalmente, sem estar no personagem do Silvio Santos no palco, lá estava o senhor Abravanel recebendo um fã.
Você se inspirou neste encontro? Isso foi fundamental para mim e foi esse encontro que me fez aceitar o convite [de interpretar o Silvio]porque foi um desafio muito grande. Demorou 15 anos para parar [sem atuar]um personagem deste tamanho, um comunicador vivendo uma vida muito maior. Eu não ia interpretar Silvio com peruca e microfone, dizendo ‘Ei! Vem cá!’, precisei interpretá-lo naquela situação de sequestro, dizendo ‘Não posso morrer, deixe minha família fora disso’, com uma arma apontada para ele. E conversar com o Silvio me deu total tranquilidade, mas eu ainda estava ansioso e nervoso com tudo isso e aí veio o trabalho do diretor, Marcelo Antunez, de dizer que tudo que eu estava sentindo era maravilhoso. E isso me ajudaria muito na construção desse personagem e que era exatamente o ator que ele queria, um ator que respeitasse o projeto, soubesse o tamanho do desafio e que se entregasse a ele de corpo e alma. Isso é o que eu queria fazer.
Com a morte de Silvio Santos no dia 17 de agosto, e o lançamento do filme no dia 12 de setembro, como você espera que a família Abravanel reaja ao filme — principalmente sabendo que Sílvio Isso toca em pontos delicados de sua vida pessoal? Recebi aqui três mensagens da família do Silvio. Três lindas mensagens.
De quem? Não vou dizer, mas recebi três mensagens hoje, me dando boa sorte, mandando meu coração, mandando um trecho de um salmo. Então, só aí, não sei o que vai acontecer, mas vejo que estou no caminho certo, de respeito, de honrar um legado, de fazer um filme não para mim, não para minha carreira, não para meus ego, porque eu queria fazer um filme para o Silvio assistir — tanto que só aceitaria se ele gostasse da ideia. Então, quando essas mensagens chegaram hoje, que é um dia tão especial, o dia da nossa estreia, me senti muito confiante, muito feliz com o resultado e sabendo que, mesmo de longe, existem pessoas importantes nesse processo que me ajudaram apoiando, cuidando e rezando para que a memória de Silvio seja honrada. E sobre as partes delicadas, usamos todas as frases que ele mesmo falou, ele mesmo expôs toda essa fragilidade humana, dizendo que se arrependia de ter escondido sua primeira família, chamou isso de ‘imaturidade’, admitindo que escondeu sua primeira esposa, sua Cida, e suas filhas, Cintia e Silvia, para serem as galãs. E, durante o sequestro, naquele medo de perder a vida, ele revisitou o próprio passado, pensou onde errou e onde acertou.
É muito difícil jogar com Silvio Santos. Durante o processo, você teve medo de críticas? A crítica faz parte disso. Só temos que selecionar quais são as críticas do jornalista, as críticas construtivas, o que é significar para conseguir cliques, porque isso é uma coisa que acontece. Temos que estar preparados e estamos no jogo. Se você não sabe jogar, não desça para jogar. Então, quando você vai interpretar um personagem, você sabe o desafio que isso significa, então estou preparado para isso, mas se todas as críticas que ouvi ao longo da minha vida tivessem me paralisado ou me dado crédito, eu não faria isso. esteja aqui. hoje. Eu nem teria aceitado desempenhar esse papel, então é com muita humildade que aceitei desempenhar esse papel e esse desafio, estou preparado para tudo. Não fiz isso para receber críticas boas ou ruins, fiz para homenagear um cara que faz parte da minha vida e queria muito que ele visse. Queria que ele gostasse, mas não foi assim que Deus quis, para o Brasil poder assistir esse filme que foi feito com muito amor.
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