O promotor público de Los Angeles, George Gascón, decidiu antecipar o prazo estabelecido para tomar uma decisão sobre o pedido de habeas corpus de Erik e Lyle Menéndez — irmãos condenados à prisão perpétua sem direito a liberdade condicional por terem assassinado os próprios pais, José e Kitty Menendez, com tiros de espingarda à queima-roupa na sala da mansão da família em Beverly Hills. A pressão sobre a acusação aumentou depois que a popularidade dos irmãos cresceu e eles mobilizaram uma legião de apoiadores graças à série Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos de Paiscriado por Ryan Murphy, na Netflix.
Este mês, Gascón revelou ao público que seu gabinete vinha analisando há um ano o pedido de habeas corpus apresentado pelos irmãos em 2023. O documento contém novas provas e pede nova sentença, e o Ministério Público havia marcado audiência para o dia 29 de novembro para opinar sobre o caso, mas decidiu antecipá-lo para esta semana, conforme relatou ele em entrevista ao CNN Americano. “Pretendo ter uma decisão até o final desta semana, que foi o que prometi quando começamos a receber muitas perguntas. A propósito, estamos analisando esse caso há mais de um ano. Tínhamos marcado data para o final de novembro para discutir o habeas corpus, mas, dada a atenção do público para este caso, tentei chegar a uma decisão antes disso e vou fazê-lo”, declarou o procurador, que concorre à re- eleição para o cargo.
Erik e Lyle compararam espingardas e atiraram nos pais. À polícia, a dupla disse que estava no cinema no momento do incidente e atribuiu a culpa à máfia. Mais tarde, porém, os investigadores notaram que os irmãos começaram a gastar milhões de dólares da sua herança e os nomearam como suspeitos. Os assassinos foram descobertos depois que gravações de sessões de terapia em que confessaram o crime foram aceitas como prova. Embora a promotoria da época acusasse os irmãos de matarem os pais por ganância, a defesa argumentou que ambos sofreram abusos psicológicos e sexuais do pai, com o consentimento da mãe, e que apenas se defenderam. O julgamento resultou na condenação dos dois à prisão perpétua.
Agora, os irmãos pedem que uma carta escrita por Erik, datada de 1988 — um ano antes dos assassinatos — seja admitida como prova e que foi descartada do julgamento original. No documento, o caçula de José e Kitty escreveu a um primo dizendo: “Tenho tentado evitar meu pai. Ainda está acontecendo, Andy, mas agora é pior para mim. Nunca sei quando isso vai acontecer de novo e isso está me deixando louco. Todas as noites eu fico acordado a noite toda pensando que ele pode entrar.”
Após 35 anos do crime, o caso ganhou destaque com a estreia da série da Netflix, além de um documentário que traz entrevistas recentes dos irmãos, tiradas diretamente da prisão.
O que aconteceu com Lyle e Erik Menendez
Em 20 de agosto de 1989, José e Mary Louise Kitty Menendez foram mortos a tiros em sua mansão em Beverly Hills. Quase sete anos, três julgamentos e milhares de horas de cobertura da imprensa depois, os seus filhos, Lyle e Erik Menendez, foram considerados culpados dos seus assassinatos e condenados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Na época do crime, Lyle tinha 21 anos e Erik 18.
O crime cruel tornou-se um dos casos mais famosos nos Estados Unidos no final do século XX, graças a uma potente mistura de drama familiar, ligações a Hollywood, testemunhos dramáticos e à capacidade da televisão por cabo de cobrir tais histórias durante muitas horas. À medida que o processo judicial se desenrolava, não havia dúvidas de que Lyle e Erik tinham matado os seus pais. Por que eles fizeram isso era outra história.
Erik Menendez e Lyle Menendez cresceram em bairros de classe alta, mas começaram a roubar para se divertir quando eram adolescentes. A dupla matou o pai, um executivo de Hollywood, à queima-roupa com seis tiros de espingarda e a mãe, com dez. Os dois ligaram para a polícia dizendo que encontraram os pais mortos e deram uma ida ao cinema como álibi. No entanto, a mansão não apresentava sinais de entrada forçada. Pouco depois do assassinato, Lyle e Erik começaram a gastar sua herança em carros luxuosos, roupas de grife e equipamentos caros de marcas. Em seis meses, gastaram mais de 1 milhão de dólares, levantando suspeitas. A polícia decidiu investigar os irmãos e descobriu que Erik havia comprado uma espingarda poucos dias antes do crime. Ele também foi denunciado pela namorada do psicólogo, depois que o terapeuta foi ameaçado pelos irmãos, e os registros das consultas em que foram discutidos os assassinatos dos pais foram aceitos como prova.
Em 1993, Erik e Lyle confessaram o crime. No julgamento, o procurador que assumiu o caso alegou que o crime foi motivado por ganância, pois ambos queriam a herança a que tinham direito. A defesa argumentou que o verdadeiro motivo foi vingança por ter sido supostamente abusado sexualmente por José, com a conivência de Kitty. Durante o julgamento, nenhum abuso sexual pôde ser provado, deixando o júri num impasse. A dupla só foi condenada sete anos depois do crime, em 1996, num terceiro julgamento. Eles estão atualmente cumprindo penas de prisão perpétua.
A verdadeira história da família Menendez
José nasceu em Cuba, mas mudou-se para os Estados Unidos ainda adolescente, logo após a Revolução Cubana da década de 1950, morando no sótão de um primo até ganhar uma bolsa de natação na Southern Illinois University. Ele conheceu Mary Louise Anderson na faculdade, onde a jovem era chamada pelo apelido, Kitty, e era considerada uma das meninas mais bonitas da região por ter vencido concursos de beleza na região. Os dois se casaram e se mudaram para Nova York, onde José se formou em contabilidade pelo Queens College e depois se tornou um executivo de entretenimento de sucesso. O casal teve dois filhos, Lyle, três anos depois de Erik, e mudou-se para Nova Jersey e depois para Los Angeles, onde José Menendez se tornou empresário musical.
Na noite do crime, os irmãos chegaram em casa e atiraram em José e Kitty, que ficaram quase irreconhecíveis devido à quantidade de balas na cabeça. Dada a brutalidade do assassinato, a polícia acreditou que foi uma morte envolvida na máfia. Os jovens, então com 18 e 21 anos, contaram à polícia que estavam no cinema no momento do crime.
Nos meses seguintes, porém, os dois começaram a gastar a enorme fortuna da família, avaliada em 14 milhões de dólares, em relógios, roupas e carros luxuosos — despertando suspeitas na polícia. Os irmãos acabaram confessando o crime em sessões de terapia, e as gravações foram aceitas em julgamento. Lyle foi preso em 8 de março de 1990. Erik, que estava em Israel na época para um torneio de tênis, voou para Miami e depois para Los Angeles, onde se entregou à polícia em 11 de março daquele ano. O julgamento durou mais de sete anos e eles foram condenados à prisão perpétua sem liberdade condicional. Lyle tem atualmente 56 anos e Erik tem 53, e os irmãos estão cumprindo pena na Instituição Correcional Richard J. Donovan em San Diego, Califórnia.
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