O massacre real cometido por mórmons que inspirou...

Série de Netflix mais visto no Brasil, Terra Indomada retrata um período violento no meio-oeste americano: a Guerra de Utah, que opôs colonos, governo, mórmons e nativos americanos em diversos conflitos que se espalharam pela região em 1857. Focado na personagem fictícia Sara Rowell (Betty Gipin), que tem o Com a ajuda do guia Isaac (Taylor Kitsch) para atravessar a tortuosa terra, a trama se baseia em um contexto histórico real e reconstrói, no primeiro episódio, um dos assassinatos mais violentos dos Estados Unidos Unidos: o Massacre de Mountain Meadows.

Em setembro de 1857, um grupo de cerca de 140 colonos que deixaram o Arkansas e foram para a Califórnia acamparam no vale que dá nome ao massacre. Lá, eEles foram atacados por um grupo de homens vestidos de nativos e lutaram em um violento cerco que durou cinco dias. A trégua só ocorreu quando um homem segurando uma bandeira branca se aproximou dos colonos e disse que o exército mórmon – chamado de Legião de Nauvoo – escoltaria o grupo com segurança para fora da região de seus domínios. A proposta, porém, revelou-se uma armadilha, e os religiosos mataram a sangue frio 120 pessoas, poupando apenas algumas crianças pequenas que, segundo eles, não se lembrariam do acontecimento e, consequentemente, não serviriam como testemunhas.

Posteriormente, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias encobriu o seu envolvimento nas matanças durante décadas e culpou os índios Paiute pelo massacre. Embora alguns dos nativos tenham participado do ataque inicial, os historiadores estabeleceram ao longo do tempo que foram os líderes e soldados mórmons que realizaram o ataque. Foi apenas em Setembro de 2007, 150 anos após o massacre, que a Igreja reconheceu formalmente o papel dos seus membros nos assassinatos.

Quais foram as motivações do massacre?

As origens da primeira atrocidade do 11 de setembro derivam do assassinato de Joseph Smith, o fundador do Mormonismo, que foi assassinado em Illinois em 27 de junho de 1844, aos 38 anos.Mith e seu irmão foram mortos por uma multidão enfurecida na cidade de Cartago enquanto aguardavam julgamento sob a acusação de traição e conspiração para a destruição de um jornal independente que criticava sua liderança e ambições religiosas.

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Após a morte de Smith, um de seus representantes, Brigham Young, que é retratado na trama, assumiu o comando da Igreja e passou a impor uma liderança autoritária da fé. Querendo evitar ameaças à sua liderança, Young levou seus seguidores para a região do Vale do Lago Slat, onde começou a governar, desafiando o governo americano.

Em 1857, o controle de Young era tal que os oficiais federais em Utah fugiram, acreditando que seriam mortos se não seguissem suas instruções. O presidente da época, James Buchanan, viu o governo de Young como uma ameaça e ordenou que o exército fosse enviado a Utah para reprimir qualquer revolta. Isto foi visto pelos mórmons como uma declaração de guerra à religião, e as tensões aumentaram cada vez mais, exacerbadas ainda mais por uma aliança improvável que Young fez com os nativos Paiutes – que também viam o governo americano como um inimigo.

Neste contexto, espalharam-se rumores falsos de que o grupo de colonos que atravessava o país estava envolvido na morte de Joseph Smith, o que incitou os fiéis a agirem sob o comando de John D Lee. Ele, na verdade, foi o único a ser punido: após o massacre, acreditou-se que os nativos americanos eram os responsáveis pela matança, o que isentou os mórmons do julgamento durante anos. Duas décadas depois, porém, em meio a protestos populares, Lee acabou sendo julgado e executado, e serviu como uma espécie de bode expiatório para a igreja.

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