O filme iraniano cotado como forte rival de ‘Ainda…

Filme do diretor iraniano Mohammad Rasoulof, que teve que fugir do Irã após ser perseguido, A Semente do Figo Sagrado ganhou título e pôster em português — A Semente do Fruto Sagradoalém de data de lançamento no Brasil: 9 de janeiro nos cinemas. Distribuído pela Mares Filmes, o filme é considerado um forte concorrente do Emília Perez (2024) e Eu ainda estou aqui (2024) na categoria melhor filme estrangeiro do Oscar 2025, que divulga sua pequena lista de indicados nesta terça-feira, 17. Apesar de ser iraniano, o filme foi inscrito pela Alemanha para o prêmio, pois o país de origem não permitia que sua história o representasse.

Mistura de drama com suspense, A Semente do Fruto Sagrado segue a história de Iman, um homem recentemente promovido a juiz de instrução, que luta contra a paranóia e a exaustão mental em meio à agitação política em Teerã causada pela morte de uma jovem. Quando sua arma destinada à sua própria proteção desaparece de casa, ele começa a suspeitar que sua esposa e filhas possam estar envolvidas no assassinato e começa a impor medidas severas que prejudicam os laços familiares. O elenco é composto por Mahsa Rostami, Setareh Maleki, Nousha Akhshi, Missagh Zareh, Soheila Golestani, Reza Akhlaghirad e Shiva Ordooie.

Diretor do filme, Mohammad Rasoulof foi premiado como melhor diretor pela Los Angeles Film Critics Association e também escreveu o roteiro que recebeu o prêmio especial do júri e o prêmio Fipresci no Festival de Cinema de Cannes de 2024, além de ter sido eleito o melhor filme do Conselho Nacional de Revisão. O filme também foi indicado ao Globo de Ouro como melhor filme em língua não inglesa e indicado ao European Film Awards e ao New York Film Critics Circle.

Assista ao trailer de A Semente do Fruto Sagrado:

Confira o pôster oficial do filme:

O que aconteceu com Mohammad Rasoulof

Em maio deste ano, o diretor iraniano Mohammad Rasoulof anunciou que teve de fugir do Irão e que estava exilado na Europa depois de ter sido condenado a oito anos de prisão no seu país natal. Selecionado para o Festival de Cannes com o longo A Semente do Fruto SagradoRasoulof foi pressionado pelas autoridades iranianas para retirar o filme da programação do evento, mas não cumpriu a ordem. Como resultado, o cineasta foi condenado pelo sistema judicial da República Islâmica por “conluio contra a segurança nacional”. Além de anos de prisão, a pena também inclui chicotadas, multas e confisco de bens.

Rasoulof descreveu a sua fuga numa nota enviada à imprensa internacional: “Cheguei à Europa há poucos dias depois de uma viagem longa e complicada. Há cerca de um mês, meus advogados me informaram que minha pena de oito anos de prisão havia sido confirmada judicialmente e seria implementada em um curto espaço de tempo”, diz o texto. “Não tive muito tempo para tomar uma decisão. Tive que escolher entre a prisão e deixar o Irão. Com o coração pesado, escolhi o exílio. A República Islâmica confiscou o meu passaporte em setembro de 2017. Por isso tive de fugir secretamente”, continua.

No comunicado, Rasoulof revelou ainda que as autoridades iranianas convocaram e ameaçaram vários membros do elenco e da equipa técnica do filme, bem como interrogaram as famílias das pessoas envolvidas na produção. “Eles tentaram convencer a equipe de filmagem de que não tinham conhecimento da história do filme e que haviam sido manipulados para participar do projeto”, escreveu ele.

Rasoulof é conhecido por filmes como Nerd (2017), premiado em Cannes, Filho-Mãe (2019) e Não existe mal (2020). O diretor faz parte de uma lista de outros profissionais do cinema que são perseguidos pelo governo iraniano. Em 2022, o aclamado Jafar Panahi, do premiado Táxi Teerã, foi preso depois de participar de uma audiência de Rasoulofacusado de “propaganda contra o sistema”.

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