Filho mais novo de pais separados, Fernando Gomes sempre se achou habilidoso com as mãos. Quando sua mãe, Nazaré, cozinheira de primeira linha, começou a dar aulas de culinária e a fazer doces e salgados sob medida para dar sozinha a educação dos três filhos, o adolescente e os irmãos a ajudaram a enrolar brigadeiros e coxinhas. Depois, abriu um buffet infantil, e Gomes passou a ajudar na decoração, utilizando os materiais à sua disposição para produzir bonecos temáticos, pintando e costurando essas criações. Na juventude, estudou artes plásticas e teatro, e começou a fazer – novamente – bonecos como hobby. Por feliz acaso, uma de suas obras chamou a atenção de uma atriz manipuladora do Bambalalhão (1980-1990), programa infantil da TV Cultura, iniciando sua carreira no mercado audiovisual voltado ao público infantil. Em 1989, aos 28 anos, Gomes interpretou Júlio, um menino ruivo de 8 anos e sardas no rosto que logo se tornou a maior estrela do cinema. Cocoricó, um dos programas de Cultura mais famosos até hoje. A atração foi cancelada pela emissora paulista em 2013 – com episódios antigos sendo reprisados em loop desde então –, em meio a reformulações estratégicas de programação. Mas, felizmente, este ano voltará a ter novas edições. “Começamos as gravações no dia 22 de julho e entraremos no ar em outubro”, disse Fernando Gomes em entrevista a VEJA.
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Dono de um carisma contagiante, Gomes, hoje com 63 anos, também dá vida a outros personagens famosos, como o Relógio e o Gato Pintado de Castelo Rá-Tim-Bumo X de X-Tudo e Big Bird da versão brasileira de Vila Sesamo. No entanto, viu o espaço da programação infantil na TV aberta ser reduzido ano após ano, à medida que as regulamentações brasileiras restringiam a publicidade dirigida ao público infantil, eliminando os patrocínios. Para quem viveu o apogeu da rede pública de televisão, em 2006, quando alcançou 6 pontos de audiência (cerca de 600 mil telespectadores em SP) e a vice-liderança do ibope, com Castelo Rá-Tim-Bumalém do sucesso dos DVDs de Cocoricó (mais de 200 mil cópias vendidas), foi triste ver esses programas desaparecerem. “Fernando sempre teve uma ótima percepção do público infantil, sabendo exatamente como conquistar as crianças”, lembra Beth Carmona, ex-diretora de Cultura.
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Apesar disso, o ator está esperançoso de que as empresas privadas percebam o potencial que existe no entretenimento infantil. “Você não precisa vender um brinquedo. Os pais vão perceber o que o filho está assistindo e são eles que podem acabar consumindo, por exemplo, o serviço de um banco que apoia o projeto”, argumenta. Recentemente, Gomes esteve no ar como o cachorrinho Bookaboo, programa que leva esse nome no Gloobinho, canal infantil da Globo na TV paga. Na adaptação brasileira do formato importado do Reino Unido, o cachorrinho só poderá apresentar seu espetáculo se uma pessoa famosa, como Klara Castanho e até o escritor Pedro Bandeira, ler uma história para ele. No final de julho, Gomes estreia A Caverna Encantada, novela inédita do SBT, como a voz de Moleza, um bicho-preguiça de pelúcia que é fiel escudeiro do protagonista. Ele vê o futuro com otimismo. “Nunca tive a intenção de fazer o que faço para ser famoso. Dublar e brincar de fantoches é o que mais amo na vida”, afirma. Por trás da magia existe talento – e resiliência.
Publicado em VEJA em 5 de julho de 2024, edição nº. 2900
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