Um juiz americano decidiu que Fionna Harvey, considerada a inspiração para a perseguidora Matha (Jessica Gunning) em Rena bebêpode continuar seu processo por difamação contra a Netflix, apontando que o programa foi erroneamente anunciado como uma “história verdadeira” e que a empresa de streaming “não fez nenhum esforço” para verificar os fatos ou disfarçar Harvey como a inspiração de Martha.
O nome de Harvey não foi divulgado pela Netflix, e Gadd afirma que o personagem é fictício. Há também uma isenção de responsabilidade nos créditos de que “certos personagens, nomes, incidentes, locais e diálogos foram ficcionalizados”. Mesmo assim, a mulher diz que foi identificada nas redes sociais e chegou a receber ameaças de morte por conta da série. Alvo de ordem judicial por suposta perseguição a Gadd, ela não foi condenada nem presa na vida real pelas interações, nega o abuso sexual retratado na trama e acusa a plataforma de difamação e violação de direitos. Por isso, pede 170 milhões de dólares de indemnização, num processo que descreve a produção como “uma mentira destinada a atrair mais telespectadores”.
Em seu decisão, O juiz Gary Klausner destacou que o fato dos episódios da série começarem com a frase “Esta é uma história verdadeira” leva os espectadores a aceitarem os acontecimentos da trama como verdadeiros. O juiz reconhece que as “supostas ações” de Harvey contra Gaad são “repreensíveis”, mas salienta que as ações de Martha no programa são “piores” do que as acusações que recaem sobre o alegado inspirador.
O que a Netflix diz?
A gigante do streaming admitiu que a Martha da “vida real” nunca foi condenada por perseguição, ao contrário do que foi dito na série. Em maio, o diretor de relações públicas da plataforma no Reino Unido, Benjamin King, argumentou que Rena bebê foi uma “história real do horrível abuso” sofrido por Gadd “nas mãos de um perseguidor condenado”. A comissão de Cultura, Mídia e Esporte do Parlamento Britânico exigiu provas do discurso do diretor, pois não conseguiu encontrar registros da condenação a que se referiu. Em resposta, King admitiu que “a pessoa em quem o programa se baseia, que de forma alguma procuramos identificar, estava sujeita apenas a uma ordem judicial, não a uma condenação”.
Richard Gadd também apresentou uma declaração judicial ao comitê na segunda-feira, 29. No texto, ele argumenta que Rena bebê É uma obra dramática, não um documentário. “Não escrevi a série como uma representação de fatos sobre qualquer pessoa real, incluindo Fiona Harvey. Martha não é Fiona Harvey”, disse ele. “Como todos os personagens da série, Martha é uma personagem fictícia, com traços de personalidade fictícios que diferem muito dos de Harvey.”
Entenda o enredo Rena bebê
Fenômeno da Netflix, a série acompanha Donny (Richard Gadd), um bartender de um bar em Londres que ainda sonha em se tornar um comediante stand-up de sucesso. Ao conhecer um produtor famoso, o jovem passa a ser orientado pelo executivo e frequenta sua casa — onde passa a fazer uso recreativo de drogas e é abusado sexualmente pelo produtor. A experiência traumática faz dele uma pessoa completamente frágil, promíscua e problemática. Quando Martha (Jessica Gunning), uma mulher obesa e com cara triste, entra no bar onde Donny trabalha e diz que não tem dinheiro, ele é gentil com o estranho, que passa a ir todos os dias ao bar para flertar com o garçom, que corresponde aos ataques. O personagem, porém, passa a perseguir Donny, enviando milhares de e-mails e se tornando cada vez mais agressivo. A história atinge níveis absurdos até que Martha é condenada à prisão.
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