O reality show de sucesso da Netflix, Ilhado com a sogra estreou sua segunda temporada na última quinta-feira, 2, e alcançou rapidamente o top 3 de produções mais assistidas da plataforma no Brasil. Apresentado por Fernanda Souza, o programa é uma competição em que as sogras precisam trabalhar em equipe com as noras ou genros pelo prêmio de 500 mil reais —enquanto o filho ou a filha assistem De longe como mãe e companheiro colocam o relacionamento conturbado entre eles enfrentam a maior prova de fogo de suas vidas: uma convivência ininterrupta, cheia de conflitos e dinâmicas estressantes. A produção faz parte do atrativo da plataforma: reality shows campeões de engajamento nas redes sociais, como Casamento às cegas. Por trás do departamento responsável pela seleção dos projetos que irão ao ar, a executiva Elisa Chalfon, diretora de conteúdo de não ficção da Netflix no Brasil, explicou a VEJA como funciona a máquina que proporciona aos assinantes o entretenimento — e às vezes até a raiva — provocada pelos programas .
Confira a entrevista:
Por que o Ilhado com a sogra Você faz tanto sucesso com o público? O Ilhas foi o primeiro formato original 100% desenvolvido e produzido no Brasil, e conseguimos trazer premissas muito autênticas e genuínas dos nossos hábitos, da nossa vida como brasileiros, porque acho que não há nada mais icônico dentro da estrutura familiar do que a figura de a sogra. Então, a inovação foi o maior ingrediente desse formato, que trouxe uma narrativa inovadora para um público global.
Qual é a estratégia da Netflix para o setor de reality shows? Novos programas serão lançados, além de Casamento às cegasetc.? Aprendemos muito com o nosso público nos últimos anos, para entender seus gostos, mesmo sabendo que as pessoas amam a realidade há muitos anos. Assim, dentro da nossa estratégia mais ampla de não-ficção, além de produzir formatos que já são populares entre o público, como Casamento às cegas e o Ilhado com a sogratambém estamos desenvolvendo muitos outros projetos originais para os próximos anos. Tentaremos sempre manter um equilíbrio entre formatos internacionais — que funcionam muito bem — com nossos originais brasileiros, porque entendemos que o Brasil é uma região muito importante para o mercado, e nossos criativos brasileiros são muito bons em adaptar formatos internacionais. Então, nosso objetivo é poder desenvolver cada vez mais essa área, incluindo outros formatos, como documentários, sejam crimes reais ou biográficos, de artistas e atletas, como Anitta, Luísa Sonza, Vini Jr..
O investimento da Netflix em conteúdo de não ficção aumentou nos últimos anos? O que posso afirmar é que reforçamos nosso compromisso como Netflix Brasil no desenvolvimento e produção de formatos em produção local. Então, temos esse compromisso com a indústria audiovisual brasileira, que inclui a parte de não-ficção. Temos um investimento muito consistente em produção e desenvolvimento e, sim, tem crescido cada vez mais e tende a crescer porque sabemos que o nosso público se conecta com as histórias que contamos. Porque quando algum conteúdo gera discussões nas redes sociais, além do que está sendo mostrado, isso nos prova que podemos nos conectar com o nosso público, estamos produzindo algo que gera adesão, que engaja. Não posso dividir os valores dos investimentos, mas posso destacar o nosso objetivo de sermos cada vez mais plurais daqui para frente.
O que uma produção precisa ter para obter luz verde para produção na plataforma? Existem alguns elementos, não existe apenas um fator. Uma é que é uma boa história, tem uma boa narrativa. O Ilhado com a sogra Tinha uma premissa muito diferente de tudo que já havíamos desenvolvido e vimos que fazia muito sentido. Precisamos ver se o projeto é interessante o suficiente para o nosso público, verificar se existe uma estrutura narrativa forte o suficiente para ser desenvolvida, para que o produto final tenha qualidade e seja o melhor para o nosso público. Recebemos muitos projetos todos os dias, por isso temos que restringi-los para ver o que funciona. Porque, no fundo, tudo o que queremos são boas histórias para contar.
Você acha que o interesse pelo reality cresceu nos últimos anos, com o aumento das discussões nas redes sociais? As pessoas consomem reality shows há mais de duas décadas, o Big Brother Brasil caminha para sua 25ª temporada. Acho que o que realmente cresceu foi o fato de as pessoas terem se tornado mais expressivas sobre reality shows e entretenimento de não-ficção. Porque partimos de premissas reais. A pessoa vê em um participante o Casamento às Cegaspor exemplo, alguém que ela ama ou odeia, e ela tem a rede social para comunicar isso a outras pessoas. Ou ela quer comentar o crime que viu em um reality show. As pessoas têm uma opinião a dizer em relação ao que assistem, porque essas produções geram identificação ou reflexão, pelo menos.
Por que a Netflix se destaca entre outras plataformas de streaming no que diz respeito ao engajamento e até mesmo à qualidade na maioria das produções de conteúdo de não-ficção? Acredito nisso porque existe uma estratégia de programação consistente que faz com que nosso público se conecte com nossas histórias. Ouso dizer que toda a nossa equipe é incansável nessa busca, não só em busca de histórias, mas também desenvolvendo e produzindo histórias, pois consideramos muito precioso o tempo de cada pessoa assistindo Netflix. Então, queremos ter certeza de que estamos proporcionando uma boa experiência a cada pessoa que está nos assistindo.
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