Veja como está a briga pela presidência da Câmara dos Deputados

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Ao deixar de lado a promessa de anunciar um aliado para a sucessão em agosto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reforçou o cenário incerto da disputa. Os principais candidatos intensificaram os esforços para fortalecer as campanhas. A incerteza ocorre porque Lira ainda tenta criar consenso em torno de um nome único, que teria grande apoio partidário.

Sem o acordo assinado, o que se viu na última semana foi uma série de reuniões para evitar que Elmar Nascimento (União-BA) fosse elevado ao posto de favorito e escolhido pelo presidente da Câmara. Outros dois nomes que surgem também bem colocados na disputa, Antônio Brito (PSD-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP), até tentaram fundir suas candidaturas, mas nenhum deles desistiu de ser o chefe da chapa.

Um desses encontros aconteceu na última terça-feira, na casa do ex-prefeito Rodrigo Maia, em Brasília. Durante mais de meia hora, Pereira e Brito conversaram à porta fechada, mas sem chegar a um consenso. Certamente, apenas um panorama de que ambos estarão juntos em um possível segundo turno da disputa, caso Elmar também avance. Em tom de brincadeira, Brito teria dito a Pereira que “o acordo será mantido, a menos que Lira escolha por ele, e não por Elmar Nascimento”.

Apesar do bom humor, a sensação é de que dificilmente Elmar será escolhido por Lira para representá-lo na disputa. Porém, enfrenta resistência para se firmar como um nome único e nunca foi a preferência do Planalto. Amigo próximo de Lira, Elmar tem dificuldade em conseguir votos de deputados que questionam sua capacidade de articular agendas e reclamam da dificuldade de acesso ao parlamentar.

Elmar também não teria a simpatia irrestrita da base governista, pois tinha histórico de oposição à esquerda. Por outro lado, o deputado União é visto como alguém capaz de honrar os acordos firmados, mesmo os herdados de Lira. Na quarta-feira, Elmar participou de um jantar na casa do senador Weverton Rocha (PDT-MA), no qual lideranças do PDT e do PSDB reafirmaram apoio à sua candidatura. O PL de Jair Bolsonaro também tem assento em uma possível Mesa Diretora da nova configuração da Câmara e está disposto a apoiá-la. Elmar já mandou ao governo o recado de que o PT não seria esquecido.

Obstáculo

Já Marcos Pereira tem outro tipo de resistência. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, o deputado tem dificuldade em ter o apoio de Lira, apesar dos últimos anos de parceria, quando era vice-presidente da Câmara, o apoiou em suas duas eleições. Ele também carrega a antipatia de Bolsonaro, com quem entrou em confronto nos últimos anos. Ele pesa a favor de ter um bom relacionamento com Lula e um bom trânsito dentro da base governamental.

Brito, por sua vez, reúne apoios que vão desde a base do governo Centrão até a esquerda. Apesar de ser visto como “acessível” por parlamentares de diversos partidos, ele seria o menos considerado por Lira para conquistar seu apoio.

Encontro com Lula

Diante da incerteza, Lira foi questionado por Brito e Pereira sobre seu apoio. Nas duas ocasiões, ele teria respondido que “ainda tentava construir um consenso” e não mencionou o nome de Elmar. Na quarta-feira, Lira esteve em reunião a portas fechadas com Lula. O tema da reunião foi justamente a sua sucessão.

Lira já afirmou que Lula participaria da escolha do sucessor no comando da Casa Legislativa, mas “não indicará nem deverá vetar nome”. Dois dias antes de estar com Lira, Lula recebeu lideranças partidárias no Palácio do Planalto e afirmou “que não interferirá na escolha do sucessor de Lira”, segundo parlamentares que estiveram no encontro. Entre os presentes estavam três dos cogitados para o cargo: Elmar, Brito e Isnaldo Bulhões (MDB), que apesar de ser visto como menos competitivo que os demais, ainda diz que vai se jogar na disputa. Pereira não foi. Procurados, os parlamentares que indicaram candidaturas não responderam.

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