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A Editorial Sul
| 25 de agosto de 2024
Células do sistema imunológico infectadas com cepa de Leishmania amazonensis resistente à anfotericina B.
Foto: Unicamp/Divulgação
Células do sistema imunológico infectadas com cepa de Leishmania amazonensis resistente à anfotericina B. (Foto: Unicamp/Divulgação)
Um estudo realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) encontrou uma variante da leishmaniose resistente ao medicamento mais utilizado para tratamento no país. A amostra foi retirada de um paciente, morador do Maranhão, que vinha tentando, sem sucesso, tratar a doença.
Esta foi a primeira vez que uma cepa do parasita Leishmania amazonensis resistente à anfotericina B foi encontrada no Brasil. O homem de 46 anos contraiu o tipo cutâneo (tegumentar) da doença – que é transmitida por mosquito e causa lesões persistentes na pele.
Porém, o achado não deve gerar alarme, pois serve apenas como alerta sobre a circulação, em locais endêmicos, de possíveis cepas resistentes que podem necessitar de outras formas de tratamento. Até o momento, não há indicação de que a doença esteja aumentando ou se tornando mais grave como resultado, segundo os pesquisadores que conduziram o estudo.
Resistência
O paciente infectado é proveniente de área endêmica para leishmaniose – ou seja, de região onde a doença ocorre com frequência. Segundo Adriano Cappellazzo Coelho, professor coordenador do estudo, o homem já havia feito tratamento com anfotericina B – que é uma das poucas opções no país para tratar essa forma da doença –, mas não teve resposta.
Surgiu então a ideia de avaliar a cepa isoladamente. O parasita foi levado ao laboratório e cultivado para pesquisa em modelos in vitro (em placa, microscopicamente) e in vivo (com animais, no caso, camundongos).
Problema?
A existência de uma cepa incomum não deve ser vista como um problema para a população, segundo Coelho. “Na Covid, havia pessoas da mesma família com diferentes tipos de infecção. Há pessoas que praticamente não tiveram sintomas e pessoas que tiveram sintomas graves. Com a leishmaniose, o estudo mostra que isso também pode acontecer.”
“Essa cepa pode eventualmente atingir outras pessoas. Esse paciente infectado ainda está naquela região e pode se infectar novamente. Isto é preocupante, porque é uma estirpe que não responde ao medicamento mais eficaz que temos. O não tratamento da leishmaniose é um problema sério”, comenta.
O paciente que motivou o estudo foi tratado com outro medicamento, a pentamidina – que, segundo o pesquisador, é mais tóxico – e teve boa resposta. Até o final de 2023, o homem não havia recaído.
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Universidade identifica variante da leishmaniose resistente ao medicamento mais usado no Brasil
25/08/2024
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