Supremo rejeita ação do PDT contra aumento da taxa Selic pelo Banco Central

Supremo rejeita ação do PDT contra aumento da taxa Selic pelo Banco Central


O BC elevou a taxa básica de juros para 12,25% ao ano

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O BC elevou a taxa básica de juros para 12,25% ao ano. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, rejeitou a tramitação de uma ação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) contra a decisão do Banco Central (BC) que elevou a taxa básica de juros (Selic) para 12,25% ao ano. O aumento ocorreu na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) de 2024, e a ata com a decisão foi publicada no dia 11 de dezembro.

O PDT alegou que a definição da taxa básica de juros não é uma questão exclusivamente técnica, porque tem impacto na atividade económica e no desenvolvimento nacional, com potencial para reduzir a capacidade de implementação de políticas públicas.

Por isso, pediu ao STF que ordene ao Banco Central que aperfeiçoe o processo de definição da taxa básica de juros, “através de parâmetros razoáveis”, atendendo aos princípios da Constituição Federal.

Ao analisar o caso, o ministro Edson Fachin constatou que a ação não reúne os requisitos necessários para ser processada pelo STF, pois não são admitidas Ações de Descumprimento de Preceitos Fundamentais (ADPFs) quando existe outro meio eficaz de reparação da suposta lesão. Segundo o ministro, não cabe ao Supremo estabelecer ou orientar parâmetros relacionados aos rumos da política fiscal e macroeconômica do país.

Fachin acrescentou que as metas da política monetária são definidas pelo Banco Central, a quem compete exclusivamente conduzi-las, conforme estabelece a Lei Complementar 179/2021. Para o relator, é preciso respeitar a opção do Congresso Nacional ao estabelecer o papel do Banco Central. “Possíveis questionamentos sobre os efeitos da taxa básica de juros no que diz respeito às políticas públicas devem, portanto, ser levantados em outros espaços legítimos”, concluiu.

A taxa Selic representa as taxas básicas de juros da economia brasileira. As movimentações da Selic influenciam todas as taxas de juros praticadas no país – sejam elas aquelas que um banco cobra ao conceder um empréstimo, ou aquelas que um investidor recebe ao fazer um investimento.

O Selic tem o nome de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, sistema administrado pelo Banco Central no qual são negociados títulos públicos federais. A taxa média registrada nas transações realizadas diariamente neste sistema equivale à taxa Selic, que atualmente (dez/2024) está em 12,25% ao ano.

Mas de que tipo de operações estamos falando? São empréstimos de curtíssimo prazo – com vencimento em apenas um dia – feitos entre instituições financeiras, que têm títulos públicos federais dados como garantia.

A taxa média desses negócios, calculada diariamente, é chamada de Selic “efetiva”. O nome já diz tudo: é o percentual de juros que realmente está sendo cobrado nesse mercado. Mas ainda existe a “meta” Selic – e provavelmente é aquela que você ouve falar com mais frequência no seu dia a dia.

A Selic é um dos elementos centrais da estratégia de política monetária do Brasil, que se baseia em um sistema de metas de inflação. Criado em 1999, estabelece o compromisso do país com a adoção de medidas para manter a inflação dentro de uma faixa definida periodicamente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), integrado pelos ministros e pelo presidente do Banco Central. O objetivo é garantir a estabilidade da economia e evitar quedas de preços como as que o país viveu nas últimas décadas, que provocam a perda do poder de compra da moeda.

A meta de inflação no Brasil começou em 8%, com limite de variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Caiu ao longo do tempo e permaneceu em 4,5% ao ano durante quase 15 anos. Em 2020, a meta era de 4% ao ano, com faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso significa que a meta é considerada cumprida se a inflação acumulada no ano permanecer na faixa de 2,5% a 5,5%.