Supremo decide por unanimidade manter decisões de Flávio Dino sobre emendas parlamentares

Supremo decide por unanimidade manter decisões de Flávio Dino sobre emendas parlamentares


Dino interrompeu a transferência de alterações obrigatórias, com poucas exceções; O tema aumentou a tensão entre o STF e o Congresso. (Foto: Jeferson Rudy/Agência Senado)

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade nesta sexta-feira (16) manter as restrições definidas pelo ministro Flávio Dino para o pagamento de emendas parlamentares.

As decisões de Dino, confirmadas pelo plenário, afetam:

* as alterações “PIX” – que vão diretamente para prefeituras e estados, com baixa transparência;

* e alterações obrigatórias – que, conforme procedimento normal, o governo federal é obrigado a executar até o final de cada ano.

Além do próprio Flávio Dino, todos os demais ministros votaram nesse sentido: André Mendonça, Luiz Edson Fachin, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Nunes Marques e Luis Roberto Barroso.

Em suas votações, os ministros destacaram que há negociações para buscar uma solução constitucional e consensual.

Uma reunião entre STF, Congresso e Executivo deverá discutir medidas para uma possível flexibilização das restrições.

A decisão de Dino

Os ministros analisaram, no plenário virtual da Corte, as decisões individuais do ministro Flávio Dino, que determinou que a execução dos aditamentos do pix deve obedecer aos critérios de publicidade, transparência e rastreabilidade e interrompeu o repasse dos aditamentos obrigatórios.

Votos dos ministros

O primeiro a votar foi o relator Flávio Dino, que afirmou que os poderes estão negociando uma solução constitucional e consensual.

“Destaco que estão ocorrendo reuniões técnicas entre os órgãos interessados, com o auxílio do Núcleo de Conciliação da Presidência do STF, além de reunião institucional prevista com a presidência e demais ministros do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal , a Câmara dos Deputados, bem como o Procurador-Geral da República e um representante do Poder Executivo, em busca de uma solução constitucional e consensual, que respeite o princípio da harmonia entre os Poderes”.

Segundo o relator, “a consensualidade é uma das diretrizes fundamentais do Código de Processo Civil, portanto a busca pela conciliação deve continuar, principalmente quando se cuida de um sistema normativo que vem sendo praticado nos últimos anos”.

Em seguida, houve o voto do ministro André Mendonça, que acompanhou Dino. Ele também destacou os diálogos institucionais.

“Especialmente relevante, a previsão de nova avaliação da proteção urgente após a realização de ‘diálogos institucionais’ em relação ao tema, o que permitirá uma reanálise mais rápida, aprofundada e específica da matéria segundo parâmetros que considerem boa governação e necessidade de continuidade das políticas públicas: referendo, neste momento, decisão cautelar de Sua Excelência”.

Vestir

As medidas causaram nova tensão entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. As emendas são recursos orçamentários indicados pelos deputados federais e senadores ao Orçamento da União voltados aos seus redutos eleitorais.

No caso das chamadas emendas pix, os valores são repassados ​​pelos parlamentares diretamente aos estados ou municípios, sem necessidade de apresentação de projeto, acordo ou justificativa.

A imposição de emendas ao orçamento pode ser de bancada, estadual ou individual –incluem-se as emendas do pix – e são aquelas que o governo é obrigado a executar.

Segundo dados da Transparência Brasil, menos de 1% dos R$ 8,2 bilhões autorizados para alterações do Pix em 2024 incluem informações sobre o beneficiário (prefeituras e estados) e como o dinheiro será usado (no que funciona, por exemplo).

A imposição de emendas ultrapassará R$ 33 bilhões em 2024, representando mais da metade do total de emendas do ano.