Senado rejeita a possibilidade de pedidos de impeachment contra Alexandre de Moraes

Senado rejeita a possibilidade de pedidos de impeachment contra Alexandre de Moraes


O desinteresse de Rodrigo Pacheco em abrir um possível pedido de impeachment contra Moraes deve durar até o final do seu mandato. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O Senado Federal não abrirá brechas para pedidos de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Embora o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), ainda não tenha se posicionado oficialmente, a ofensiva planejada pelos parlamentares da oposição não deve ir adiante.

O desinteresse de Pacheco em abrir um possível pedido de impeachment contra Moraes deve se estender até o final do mandato, em fevereiro de 2025. Parlamentares da oposição afirmaram nesta quarta-feira (14) que entrariam com pedido de impeachment contra o ministro, em razão das denúncias feita pela Folha de S. Paulo.

Segundo apuração do jornal, Moraes usou uma abordagem “fora do rito” para ordenar relatórios do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o objetivo de apoiar investigações do STF em 2022. Na época, além de ministro do STF, também foi presidente do TSE.

As mensagens mostram, por exemplo, assessores da Justiça Eleitoral relatando que o ministro reclamou da demora no cumprimento de ordens. Em uma das reproduções, Moraes pergunta: “Quer que eu faça a reportagem?” Em outra mensagem entre assessores, um deles afirma: “Ele pensou bem. Quando ele decide, é uma tragédia.”

De acordo com os diálogos, os relatórios eram ajustados caso não fossem do agrado do gabinete do STF. Em outros casos, as denúncias foram feitas especificamente para justificar uma ação já pré-determinada pelo STF, como o bloqueio de redes e contas sociais. Entre os principais “alvos” estavam apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em resposta às acusações, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes afirmou que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com plena participação da Procuradoria-Geral da República”.

Senado Federal

Segundo informações divulgadas pela Agência Senado, o artigo 52 da Constituição Federal de 1988 confere ao Senado Federal competência exclusiva para processar e julgar ministros do STF em casos de responsabilidade criminal. Porém, esse tipo de impeachment, que não passa pela Câmara dos Deputados, nunca aconteceu.

A Lei do Impeachment (Lei 1.079 de 1950) aborda o tema e, mesmo depois de 74 anos, continua em vigor. Foi utilizado, com ajustes, nos impeachments que afastaram Fernando Collor e Dilma Rousseff da presidência da República.

O consultor legislativo João Trindade Cavalcante Filho explica que o passo a passo do impeachment de um ministro do STF também está detalhado nesta lei e começa com a apresentação de denúncia ao Senado, que pode ser feita por qualquer cidadão. Aí, diz o consultor, a Câmara do Senado decide se aceita ou não a denúncia de que determinado ministro cometeu crime de responsabilidade. Se aceito, o pedido será analisado por uma comissão especial a ser criada.

“Essa denúncia é feita diretamente ao Senado Federal. (…) Se a reclamação for recebida, será enviada para uma comissão que emitirá parecer, fará um estudo jurídico sobre essa reclamação e será posteriormente votada em Plenário. O Plenário do Senado poderá abrir o processo de impeachment ou rejeitar a denúncia”, explicou João Trindade.

O também consultor legislativo Arlindo Fernandes de Oliveira sublinha que a comissão especial só poderá ser criada se a denúncia for recebida pela Direcção. “Até onde eu sei, uma denúncia contra um ministro do STF nunca foi recebida pela Mesa do Senado”, disse o consultor. A informação é do portal de notícias Terra e da Agência Senado.