PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Cidade-sede da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025), Belém é a capital com a maior proporção de população vivendo em áreas de favela no Brasil. A cidade tem 1.303.403 habitantes, e 745.140 (57,17% do total) vivem em 214 áreas urbanas precárias, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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Enquanto a capital paraense se prepara para receber cerca de 40 mil visitantes e líderes mundiais para debater questões sobre meio ambiente e sustentabilidade, o déficit habitacional evidencia a dificuldade em resolver os problemas socioambientais decorrentes da pobreza.
“Um dos maiores desafios que Belém enfrenta é o crescimento desordenado. As ocupações irregulares e a expansão de favelas em áreas de risco é um ponto que merece atenção do poder público”, afirma Jorge Tedson, presidente da diretoria paraense da Cufa (Central Única de as Favelas).
O problema não é novo: Belém liderou o ranking de capitais do Censo 2010, que apontou 54,5% dos habitantes vivendo em áreas precárias.
Segundo Tedson, a capital paraense enfrenta desafios de infraestrutura, principalmente de transporte público, que são agravados pelos altos níveis de desigualdade social e falhas na regularização fundiária. “São desafios que todas as cidades enfrentam, mas em Belém ganham características regionais”, afirma.
A maior favela da cidade é a Baixada Estrada Nova, no bairro Jurunas, com cerca de 15 mil domicílios cadastrados. É também a segunda maior favela da região Norte e a 11ª do Brasil.
Muitas favelas de Belém estão localizadas próximas a áreas alagadas, como a comunidade Vila da Barca, no bairro do Telégrafo, onde parte dos moradores mora em casas construídas sobre palafitas à beira da Baía do Guajará, sem acesso a serviços como saneamento e água corrente.
O acesso à rede de esgoto é outro problema urbano em Belém. Segundo o IBGE, 212 mil pessoas ? cerca de 16% da população da cidade? eles não têm saneamento adequado em casa.
A aldeia existe desde a década de 1930, com as primeiras casas feitas a partir dos restos de um barco encalhado. A construção de um projeto habitacional de alvenaria sobre palafitas na área foi aprovada e iniciada em 2006, mas as obras demoraram para começar e sofreram interrupções desde então.
O projeto foi retomado após ser incluído no rol de novas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em 2023, e sua conclusão foi uma das promessas de campanha do prefeito eleito, Igor Normando (MDB).
O presidente da Cufa afirma que a retomada do programa federal Minha Casa Minha Vida também é uma ajuda importante para solucionar o problema habitacional, mas que ainda há muito a ser feito por quem vive em vulnerabilidade ambiental.
“Muitas pessoas que vivem às margens dos córregos ainda enfrentam enchentes diariamente”, diz ele. “É preciso que haja um planejamento urbano que pense nessas pessoas e políticas públicas que alcancem aqueles que são mais impactados com isso”.
Região Norte lidera ranking de moradores de favelas
A região Norte lidera o ranking de cidades com maior percentual de população vivendo em favelas no Brasil. No topo da lista está Vitória do Jari, no Amapá, com 69,25%. Em seguida, aparecem as cidades de Ananindeua (60,17%), Marituba (58,68%) e Belém no Pará. Manaus (AM) aparece em quinto lugar com 55,81%.
Em 2022, o IBGE adotou a definição “Favelas e Comunidades Urbanas” nos censos pela primeira vez desde 1991, alterando o antigo termo “Aglomerados Subnormais”. Na época da mudança, o instituto de pesquisa disse que o novo termo representava uma mudança na abordagem do tema, definida após conversas com movimentos sociais.
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