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A Editorial Sul
| 7 de janeiro de 2025
Desde 2015, 33 fábricas clandestinas foram fechadas no país. (Foto: PF/Divulgação)
As gangues que compõem a máfia ilegal do cigarro agora fabricam seus próprios produtos. O negócio, que movimenta centenas de milhões de reais por ano, também envolve planejar assassinatos e crimes com muita violência.
Nos últimos nove anos, pelo menos 33 fábricas clandestinas de cigarros foram fechadas no país. No mesmo período, foram registrados homicídios em decorrência de disputas entre a máfia do cigarro em pelo menos sete estados: Rio Grande do Sul; São Paulo; Minas Gerais; Rio de Janeiro; Mato Grosso;
Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte.
O produto final que chega ao consumidor passa por diversas partes do Brasil. A maior parte da matéria-prima, por exemplo, vem do Rio Grande do Sul. Lá, Bruna Ellin foi assassinada na porta de sua casa, na Região Metropolitana de Porto Alegre, em agosto de 2023. Segundo a PF, ela estava envolvida com a máfia ilegal do cigarro.
As autoridades envolvidas nas investigações deste tipo de crime explicaram que o contrabando do Paraguai sai pelos portos do Uruguai ou do Chile. Em seguida, atravessa o Oceano Pacífico até o Canal do Panamá, onde atravessa para entrar na Venezuela e no Suriname.
“Como a ponte da amizade no Paraguai é amplamente monitorada no Brasil, essas organizações acabaram aproveitando esse caminho no Suriname”, afirmou Darlison Santiago, delegado da PF em Belém.
“Cada carga que compõe um caminhão, por exemplo, pode ser avaliada em R$ 2 milhões, R$ 3 milhões e você tem cargas sendo transportadas toda semana”, disse Santiago Hounie, delegado da Polícia Federal no Rio Grande do Norte.
“O poder económico gerado a partir desta actividade levou a outros crimes periféricos que são igualmente graves ou piores. Estamos falando de corrupção policial para que a atividade seja realizada, tanto para facilitar transporte e armazenamento como também para vender nas capitais”, avaliou.
Para
No norte do país, a família Quaresma dirige negócios ilegais envolvendo cigarros. Em outubro, a PF conseguiu prender sete integrantes do clã, que atua na região desde a década de 1990. Eles estavam fugindo no Suriname.
De Abaetetuba, no Pará, os Quaresma, segundo a PF, abasteciam o mercado ilegal em toda a região Norte, além de estados do Nordeste e Sudeste, em atividade que rendeu ao grupo mais de R$ 50 milhões nos últimos anos.
“É uma das principais famílias, principalmente pelo alto poder estruturante que a organização criminosa tinha, principalmente com as embarcações. Eles sabem o caminho para sair de Abaetetuba e chegar ao Suriname”, explicou o delegado Darlison Santiago.
Crimes
Das 33 fábricas fechadas no país nos últimos anos, seis estavam em Minas Gerais e três no Rio de Janeiro. Neste último estado, dois deles fabricavam exemplares do cigarro paraguaio Gift, que já era uma marca ilegal e começou a ser falsificado em larga escala.
Os cigarros Gift falsificados são vendidos em metade dos 92 municípios do Rio, em uma disputa que envolve violência e assassinatos: comerciantes que se recusam a vender são mortos e concorrentes são executados.
De 2022 a 2024, já serão mais de vinte crimes causados pela máfia do cigarro no Rio – entre tentativas de homicídio, desaparecimentos, sequestros e assassinatos.
A chefe da fiscalização do Rio e Espírito Santo, Dafne Calatroni Cardoso, citou as dificuldades no combate a esse mercado ilegal:
“A Receita tem atuado com diligência, tanto na entrada irregular de cigarros de outros países, como sempre que verificamos fábricas clandestinas, no fechamento dessas fábricas, na apreensão desse material, já aconteceu que conseguimos fechar uma fábrica , por exemplo, em 2021, e aparentemente reabre com outro nome, com parceiros diferentes, anos depois”, apontou.
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Gangues que fabricam cigarros ilegais planejam assassinatos no Brasil
07/01/2025
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