PUC do Rio pode entrar na Justiça para abrir faculdade de Medicina

PUC do Rio pode entrar na Justiça para abrir faculdade de Medicina


A intenção é abrir um curso para 120 alunos no vestibular, para os primeiros colocados. (Foto: Reprodução)

A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) estuda entrar na Justiça para abrir um curso de Medicina na cidade. A universidade ainda tenta negociar autorização com o Ministério da Educação (MEC). No atual governo, o parâmetro é o Programa Mais Médicos, que determina que só é possível criar cursos de graduação em municípios com proporção inferior a 2,5 médicos por mil habitantes. Este não é o caso do Rio. A lógica é evitar a concentração nas grandes cidades e a escassez nos municípios menores.

O projeto de ter um curso de Medicina na PUC foi apresentado internamente há dez anos. Durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, a abertura de cursos foi suspensa. Com a volta do Mais Médicos, no governo Lula, um grupo de 12 médicos e professores da atual gestão da PUC-Rio reformulou o projeto pedagógico a ser apresentado ao MEC.

Segundo Margareth Dalcolmo, membro titular da Academia Nacional de Medicina e professora de pós-graduação da PUC, o Rio é a única entre as sete unidades do grupo que não possui graduação em Medicina, embora tenha pós-graduação na área há 70 anos. anos.

“A PUC-Rio tem condições de oferecer formação médica de alta qualidade, voltada para um perfil que o Brasil necessita. E, além de ser um programa bem executado do ponto de vista técnico, a instituição possui programas que oferecem cotas e mais de um terço das vagas com bolsas para alunos aprovados e aprovados no vestibular”, argumenta.

Foco na qualidade

A universidade pretende aproveitar norma que permite que hospitais ofereçam cursos de Medicina em suas áreas de atuação, independentemente da proporção de profissionais por habitante, argumentando que tem convênio com o Hospital São Francisco de Assis, na Tijuca, Zona Norte do Rio, e com o Hospital Miguel Couto, que já é um hospital universitário e fica próximo à PUC, na Gávea.

“É nosso desejo que possamos, por meio de acordos de cooperação técnica, utilizar essa infraestrutura como hospital universitário. Esperamos que seja aberto um novo edital abrangendo a PUC, pois em São Paulo foi contemplada a abertura de três novas universidades privadas”, explica o professor.

Ela destaca que o Hospital São Francisco de Assis possui um programa para atender a população ribeirinha, na Amazônia, que permitiria aos alunos realizar estágios com duração de alguns meses durante a graduação atuando nessa realidade. A PUC-Rio é uma instituição sem fins lucrativos e atende 12 mil alunos, entre cursos de graduação e pós-graduação.

“Nossa intenção é abrir um curso para 120 alunos no vestibular, para os primeiros colocados. Então, eventualmente, poderá aumentar. Mas não é nossa intenção fazer um número enorme, nossa principal preocupação é oferecer qualidade”, comenta Margareth.

Segundo a Demografia Médica CFM – 2024, do Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil possui 575.930 médicos ativos, um dos maiores números do mundo, com uma proporção de 2,81 médicos para cada mil habitantes.

“Há um problema de distribuição que envolve a política de Estado”, afirma Filipe Piazzi, sócio sénior da Coimbra & Chaves Advogados e consultor de ensino superior.

Desde que Temer, em 2019, proibiu a abertura de cursos de Medicina até 2023, as instituições de ensino têm recorrido ao Judiciário, em busca de decisões que possibilitem o início das atividades. A questão chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). O Tribunal validou a norma Mais Médicos, que exige chamada pública prévia de instituições interessadas em abrir cursos.

Nos últimos anos, o setor de ensino privado vem vivenciando uma corrida para abertura de vagas em Medicina, inclusive com movimentos de consolidação do setor. A mensalidade é atrativa.

Pedro Mena Gomes, coordenador da área de consultoria da Hoper Educação, afirma que o valor médio da mensalidade de um curso de Medicina no país passou de R$ 7.558, em 2012, para R$ 10.249, em 2020. “Se você considerar um curso com cem Vagas em medicina, a instituição pode ter um valor de R$ 100 milhões para vender”, afirma. A informação é de O Globo.