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A Editorial Sul
| 16 de junho de 2024
Membro do Comitê de Política Monetária, Galípolo precisará, até o final do ano, equilibrar suas posições em relação à taxa básica de juros (Selic).
Foto: Washington Costa/MF
Membro do Comitê de Política Monetária, Galípolo precisará, até o final do ano, equilibrar suas posições em relação à taxa básica de juros (Selic). (Foto: Washington Costa/MF)
O Banco Central vive um momento inédito: a primeira transição em seu comando desde a lei que lhe deu autonomia, em 2021. E o provável sucessor do atual presidente, Roberto Campos Neto, indicado no governo de Jair Bolsonaro, já tem assento no o quadro.
O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, ex-braço direito do ministro Fernando Haddad na Fazenda, é visto como o favorito para a indicação do presidente Lula no final deste ano, quando termina o mandato de Campos Neto, mas, para ser confirmado no cargo, ele enfrenta um delicado dilema.
Membro do Comitê de Política Monetária (Copom), ele precisará, até o final do ano, equilibrar suas posições sobre a taxa básica de juros (Selic) entre a exigência de Lula por uma redução mais forte e a situação que dificulta novos cortes. Isso para evitar inviabilizar junto ao presidente ou perder credibilidade junto aos agentes de mercado, o que é muito importante para a autoridade monetária.
E o Galípolo terá uma prova de fogo esta semana, quando o Copom se reunir para definir a Selic, principal instrumento do BC para cumprimento da meta de inflação.
A sucessão rouba os holofotes da condução da política monetária porque há temores no mercado sobre a postura do BC em relação à inflação a partir de 2025, sob a nomeação de Lula. Com a deterioração das expectativas, a visão majoritária dos agentes econômicos é de que a Selic permanecerá estagnada em 10,5% ao ano.
Antes da reunião de maio, quando houve cisão no Copom, as previsões convergiam para que a taxa permanecesse em um dígito ao final deste ano. Muitos analistas veem a divisão da diretoria e a sucessão no BC como fatores que dificultam a redução da Selic.
Cinco contra quatro
Campos Neto deixa o cargo no dia 31 de dezembro, cumprindo a regra de autonomia da instituição, que dava ao presidente e seus diretores mandatos fixos de quatro anos. O Presidente da República tem competência para nomeá-los, mas não pode destituí-los.
Lula já avisou que não tem pressa em escolher o sucessor de Campos Neto e ninguém no Planalto acredita que a decisão esteja tomada.
Mas, na Praça dos Três Poderes ou na Faria Lima, há consenso de que Galípolo é o nome mais forte, senão o único na mesa do presidente. E, no Senado, não há dúvidas de que seria aprovado. Como assessor de Haddad, teve bom desempenho na coordenação com o Congresso. Mas, no BC há quase um ano, o economista é alvo de constante escrutínio do mercado.
Analistas dão como certo que os cinco conselheiros do BC remanescentes do governo Bolsonaro – incluindo Campos Neto – votarão pela manutenção da Selic na reunião do Copom que começa na próxima terça e termina na quarta, diante dos riscos inflacionários no horizonte . Eles têm maioria para derrotar mais uma vez os quatro indicados por Lula, incluindo Galípolo.
Foi o que aconteceu na reunião de maio, quando o primeiro grupo votou pelo corte de 0,25 ponto percentual na Selic, e o segundo conseguiu 0,5. A divisão ajudou muitos analistas a prever um BC mais brando com a inflação a partir de 2025.
Para tentar dissipar essa visão, Galípolo procurou se mostrar próximo dos argumentos dos diretores com os quais discordava e passou a sinalizar ao mercado que pode votar agora por pelo menos uma pausa no atual ciclo de corte de juros, mas é algo que não deveria ser bem recebido pela ala política do governo nem por Lula.
Ainda mais num momento em que Haddad, seu principal fiador, enfrenta derrotas e tem a difícil tarefa de convencer o presidente a cortar gastos para recuperar a credibilidade da política fiscal, o que influencia a decisão do Copom.
Lula não poupou críticas ao BC de Campos Neto desde o início do terceiro mandato, reclamando dos juros que considera altos demais, prejudicando o crescimento da economia. Galípolo votou junto com o atual presidente do BC em todas as decisões do Copom, exceto a última, mas nunca foi alvo do petista, até porque, desde agosto do ano passado, o BC vinha reduzindo a taxa Selic.
Voltar para toda a economia
A próxima reunião sobre juros será uma prova de fogo para Galípolo, nome favorito para suceder Campos Neto no Banco Central; entender
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