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A Editorial Sul
| 8 de novembro de 2024
PL articula projeto de lei concorrente no Parlamento. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
A proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata de questões de segurança pública elaborada pelo governo Lula, apresentada aos governadores na semana passada, desencadeou um contra-ataque da oposição no Congresso. O texto da gestão petista é chamado pelos opositores de “PEC da Insegurança Pública”. O discurso bolsonarista é que Lula quer “propor maior controle federal”, centralizar as decisões e “aumentar seu poder sobre a segurança pública nos Estados, retirando-lhes a autonomia e invadindo as prerrogativas estaduais”.
Garantir que não haja interferência federal nas políticas estaduais tem sido a precaução central do governo Lula. Em diversas entrevistas, o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), autor do texto, e o secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, disseram não querer interferir na competência dos governadores.
O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro se articula para apoiar um projeto de lei, de autoria dos deputados Alfredo Gaspar (União-AL) e Alberto Fraga (PL-DF), para influenciar o processo. O texto de 95 páginas e 115 artigos cria um modelo de colaboração entre os Estados — em contraste com a ampliação de atribuições da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal do PT PEC —, coordenado por um órgão colegiado.
“A PEC não traz nada de inovador. Mostra claramente uma intervenção nos Estados, e a expansão dos poderes da PRF é muito arriscada, uma vez que a própria PRF tem menos pessoal do que o esperado. Vamos nos posicionar contra isso”, afirma Fraga, presidente da Frente Parlamentar de Segurança Pública, conhecida como “bancada da bala”.
O projeto também define “organização criminosa transnacional” e inclui na categoria crimes como tráfico de drogas e pessoas, controle ilegal de territórios e financiamento do “terrorismo”. As penas estipuladas para esses crimes chegam a 40 anos de prisão.
“É muito melhor que o projeto do governo federal”, afirma o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
Bordas
Enquanto a oposição tenta financiar seu plano B, a gestão petista acionou uma delicada operação para medir a aceitação do texto em diversas esferas, inclusive nos municípios.
Depois de descansar durante meses no departamento jurídico da Casa Civil, a chamada PEC da Segurança Pública foi tornada pública na semana passada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou o texto aos governadores para medir a recepção do texto antes de enviá-lo ao Congresso. Mas agora o projeto deverá passar por uma longa fase de reflexão antes de sair das mãos do Poder Executivo.
O Conselho da Federação, criado por Lula em abril de 2023 para fortalecer o diálogo com estados e municípios, deverá se reunir nos próximos dias com os secretários executivos dos governos estaduais e das entidades municipais nacionais para pensar e definir um cronograma de ação e discussão. A operação será comandada pela secretaria executiva do conselho, chefiada por Rafael Bruxellas, vinculado à Secretaria de Relações Institucionais.
O Consórcio Nordeste, formado pelos nove Estados da região, se reunirá virtualmente para debater um posicionamento conjunto sobre a medida. Os demais governadores se comprometeram a enviar seus pareceres ao governo federal após a reunião no Palácio do Planalto.
O ministro Ricardo Lewandowski diz que não há “prazo fixo” para aprovação da proposta. “Vamos ouvir governadores, secretários de segurança, sociedade civil, academia. Estamos aguardando as sugestões, vamos amadurecê-las, examiná-las e, a partir de um consenso mínimo, enviaremos uma minuta ao Congresso”, declarou em entrevista à GloboNews nesta terça-feira, 5.
Vestir
A preocupação em coletar o máximo de feedback possível vem do fato de a PEC tratar de uma atribuição conferida pela Constituição Federal de 1988 aos próprios Estados, o que poderia gerar polêmica entre outros governos. É nisso que os bolsonaristas têm apostado para desgastar o texto do governo antes mesmo de ele começar a tramitar.
O andamento das discussões da PEC despertou outros movimentos. Um projeto de lei complementar (PLP 215/2019), que autoriza os governos estaduais a alterar a legislação do Código Penal e do Código de Processo Penal, foi discutido discretamente na Câmara dos Deputados na semana passada. Se aprovado, permitirá aos Estados atuar na classificação de crimes (exceto crimes hediondos, eleitorais e militares), aumentando penas, criando novos crimes e endurecendo punições e prisões.
A proposta vai ao encontro da reivindicação levantada por alguns governadores no encontro com Lula na semana passada. Nenhuma ideia expressa pelos presentes teve tanto apoio como a de dar maior autonomia aos Estados para modificar a legislação penal. Chefes de estado como Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, e Fábio Mitidieri (PSD), de Sergipe, reclamaram que “o Congresso faz as leis, e nós (governadores) pagamos as contas”.
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Proposta de emenda à Constituição de Segurança Pública de Lula provoca contra-ataque bolsonarista no Congresso
08/11/2024
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