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A Editorial Sul
| 30 de junho de 2024
No ano passado, a maior parte desses novos processos, segundo o CNJ, tramitou na Justiça Estadual.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
No ano passado, a maior parte desses novos processos, segundo o CNJ, tramitou na Justiça Estadual. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
O número de ações movidas contra operadoras de planos de saúde chegou a 234.111 mil no ano passado, número recorde na série histórica realizada desde 2020 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Isso representa um aumento de 60% em relação ao primeiro ano avaliado pelo órgão de controle do Judiciário.
Dados do painel Estatísticas Processuais do Direito à Saúde elaborado pelo CNJ mostram a evolução das demandas legais relacionadas às operadoras:
– 2020: 145.695 mil casos
– 2021: 153.203 mil casos
– 2022: 176.298 mil casos
– 2023: 234.111 mil processos
No ano passado, a maior parte desses novos processos, segundo o CNJ, tramitou na Justiça Estadual: há 221.533 ações nos tribunais estaduais. Nesse caso, a maior concentração ocorre no estado de São Paulo, com 76.710 casos, seguido pela Bahia e Rio de Janeiro, com 33.250 e 19.250 casos respectivamente.
Nos tribunais superiores, categoria que envolve, além do Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) – onde tramita a maior parte das demandas que envolvem acordos e operadoras – o número de novos processos foi de 13.343.
Segundo a coordenadora do Fórum Nacional do Poder Judiciário da Saúde (Fonajus), Daiane Nogueira de Lira, que é assessora do CNJ, a questão do aumento do número de casos envolvendo saúde suplementar é “preocupante” e precisa para ser resolvido.
Lira informou que o CNJ trabalha para que a política de ampliação dos Núcleos de Apoio Técnico do Judiciário na área da saúde seja implementada este ano. Em entrevista ao programa Roda Viva no início de junho, o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou que estuda medidas a serem adotadas durante sua gestão para equalizar a judicialização na saúde setor, um dos mais afetados pelas ações.
De acordo com nota enviada pela assessoria de imprensa do Supremo, Barroso pretende desenvolver, no próximo semestre, medidas para enfrentar, resolver e compreender litígios em algumas áreas, como a saúde.
“Desenvolvemos ações para entender o contencioso em algumas áreas. E enfrente-os. Já obtivemos avanços significativos em relação às execuções fiscais, com decisões do STF, resoluções do CNJ e acordos com Estados e Municípios. Iremos arquivar centenas de milhares de processos e aumentar a arrecadação”, explica o texto.
Ainda segundo o STF, “no que diz respeito aos litígios contra o Poder Público, temos um grupo de trabalho que reúne advogados da União, procuradores estaduais e municipais, que está finalizando o mapeamento das principais áreas de conflito para pensar soluções. No próximo semestre tentaremos resolver o contencioso trabalhista e também aquele que envolve a área da saúde”.
Representantes das operadoras de planos de saúde afirmam que acompanham o tema com “a devida atenção” e destacam o papel do Judiciário na garantia do direito à saúde e na resolução de conflitos. Mas avaliam, no entanto, que a judicialização excessiva onera o setor de saúde suplementar, bem como o sistema de Justiça.
“Vale destacar que o mais impactado pela judicialização indevida é o próprio beneficiário, uma vez que o sistema funciona em modelo coletivo: o uso de um é pago por todos. Ou seja, quando há uso indevido ou judicialização indevida que leva a ações judiciais, há aumento de custos imprevistos, o que encarece a utilização do sistema para todos os beneficiários”, afirma a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge).
Na avaliação da entidade, que reúne cerca de 140 operadoras associadas, a judicialização já é um dos principais fatores que impactam a inflação da saúde e, consequentemente, o preço dos planos de saúde pagos pelas famílias e empresas contratantes.
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Processos judiciais contra planos de saúde atingem recorde de 234 mil em 2023
30/06/2024
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