Presidente do Senado não quer pressa na Proposta de Emenda à Constituição que dá anistia a partidos políticos

Presidente do Senado não quer pressa na Proposta de Emenda à Constituição que dá anistia a partidos políticos


“Na verdade, terei o cuidado de encaminhá-lo à Comissão de Constituição e Justiça para avaliação”, disse Rodrigo Pacheco. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta sexta-feira (12) que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que concede anistia aos partidos políticos não será enviada diretamente ao plenário da Câmara como ocorreu na Câmara . O senador afirmou que a PEC não será tratada “à pressa”, mas evitou se posicionar sobre o mérito da proposta. Pacheco participou da audiência do congresso realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) em São Paulo.

Com amplo apoio dos partidos representados no Congresso – incluindo o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro -, a Câmara aprovou a PEC anteontem, em dois turnos. A proposta de emenda constitucional perdoa punições impostas aos partidos que cometeram infrações na prestação de contas, revoga a determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que negros recebam recursos públicos para campanhas na proporção do número de candidatos, libera as siglas de sanções por outras irregularidades, garante “imunidade tributária” às siglas e estabelece refinanciamento de até 15 anos para pagamento de dívidas.

Para entrar em vigor, a proposta precisa agora passar pelo Senado, onde é necessário o apoio de 49 dos 81 senadores, também em duas votações. Por se tratar de uma emenda à Constituição, o texto dispensa a sanção do presidente Lula para ser promulgado. A Transparência Partidária estima que a anistia poderá chegar a cerca de R$ 23 bilhões, contando apenas as contas pendentes de julgamento entre 2018 e 2023.

Entusiasmado

“Essa PEC foi desenhada e está em tramitação na Câmara há algum tempo. Há um grande entusiasmo por parte dos presidentes dos partidos políticos”, afirmou Pacheco. “Não investiguei o assunto. Quando chegarmos ao Senado, faremos isso. Não há nenhum compromisso meu de ir imediatamente ao plenário do Senado, rapidamente. Terei até o cuidado de encaminhá-lo à Comissão de Constituição e Justiça para avaliação”, afirmou.

Pacheco reforçou que “não tem compromisso com o mérito” da proposta, mas que recebeu informação de que o conteúdo foi alterado. “Recentemente, quando questionado sobre a amnistia para os partidos políticos, falei publicamente contra esta perspectiva. Mas os parâmetros desta proposta mudaram muito e não quero fazer um juízo de valor preconceituoso sobre a medida”, afirmou.

Para o presidente do Senado – também presidente do Congresso Nacional –, há argumentos de que “algumas mudanças foram implementadas pelo TSE durante o período eleitoral e causaram uma distorção ao longo do tempo”.

Pacheco defendeu na audiência o modelo que deu maior poder ao Congresso na distribuição dos recursos do Orçamento da União.

Mandatos no STF

Ele voltou a defender também a imposição de mandato para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Muitos outros países têm isso. Portugal, Itália e vários outros países adotam mandato de 12 ou 16 anos para ministro do STF. Hoje no Brasil um ministro pode permanecer até 40 anos.”

Segundo ele, “inúmeros ministros do STF do passado” defendem essa proposta. “Os atuais, não vou falar por eles. Mas ex-ministros defendem a lógica do mandato, o que creio que seria bom para a Corte. Obviamente, respeitando quem está ali. Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino, todos que estão aí não seriam alcançados por uma emenda constitucional dessa natureza”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.