Presidente do Senado defende decisões colegiadas no Supremo

Presidente do Senado defende decisões colegiadas no Supremo


A proposição autoriza o Congresso a revogar as deliberações do Tribunal. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, neste sábado (12), que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que permite a suspensão pelo Congresso de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF ) contém “vício de inconstitucionalidade”. Ele defendeu, porém, a proposta que restringe as decisões monocráticas —individuais dos magistrados.

Trata-se da PEC 28/24, encabeçada pelo deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR), admitida pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, na última quarta-feira (9), que permite ao Congresso Nacional suspender decisões do STF.

“Eu conheço um [PEC]que é a questão da revisão das decisões do STF pelo Congresso Nacional. Isto me parece sofrer de um vício de constitucionalidade, porque, na verdade, a palavra final sobre os conflitos jurídicos cabe necessariamente ao Poder Judiciário, através do Supremo Tribunal do País”, disse Pacheco, após ser questionado sobre as propostas por jornalistas durante evento com empresários em Roma, Itália.

A proposição autoriza o Congresso a revogar as deliberações do Tribunal. Para tanto, será necessário o voto favorável de 2/3 dos deputados e senadores. O Supremo poderá reverter a decisão do Legislativo se contar com o apoio de 4/5 dos parlamentares —deputados e senadores.

A avaliação de Pacheco é semelhante à de ministros e juristas do STF, que também consideram a medida inconstitucional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já sinalizou aos aliados que não deveria prosseguir com a proposta.

A PEC faz parte de um pacote de medidas aprovadas pela CCJ da Câmara dos Deputados que busca limitar as competências dos ministros do Supremo Tribunal Federal, em meio à tensão entre os dois Poderes — Judiciário e Legislativo — devido ao impasse em torno da liberação do pagamento para alterações parlamentares ao Orçamento.

Na entrevista, Pacheco afirmou, porém, que defende a outra PEC aprovada pela CCJ, que prevê que decisões monocráticas sejam tomadas apenas durante o recesso do Judiciário —e, neste caso, com julgamento dos demais ministros em até 30 dias.

Decisões monocráticas

“Em relação a esta PEC [das decisões monocráticas]Quero invocar aqui a compreensão de todos, inclusive da imprensa, de que está longe de se tratar de qualquer tipo de revanchismo, retaliação ou afronta ao Supremo Tribunal Federal ou ao Judiciário. Eu não me permitiria isso”, afirmou o chefe do Legislativo.

Segundo Pacheco, não é razoável que leis aprovadas pelo Congresso sejam declaradas inconstitucionais por apenas um ministro da Corte. “Uma lei que é votada nas 2 casas do Congresso Nacional, sancionada pelo Presidente da República. Sua constitucionalidade ou inconstitucionalidade só poderá ser declarada pelo Supremo Tribunal Federal e não por um único ministro em decisão monocrática”, disse Pacheco.

“Acho que é algo muito óbvio, acho que todos concordam com isso”, acrescentou o senador. “Essa é a razão desta proposta de emenda à Constituição, que espero ver aprovada pela Câmara dos Deputados, promulgada e respeitada pelo Supremo Tribunal Federal, porque é boa para o país.”

Pacheco se refere à PEC 8/21, que foi admitida pela CCJ da Câmara dos Deputados, também, na última quarta-feira (9), de autoria do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).

Uma decisão monocrática é aquela tomada por apenas um magistrado — ao contrário de uma decisão colegiada, que é tomada por um grupo de ministros — tribunais superiores — ou juízes — tribunais de segunda instância. As informações são do jornal Hora do Povo.