Presidente do Senado apresenta projeto para renegociar dívida bilionária dos Estados com a União

Presidente do Senado apresenta projeto para renegociar dívida bilionária dos Estados com a União


A maior parte desse valor refere-se às dívidas de quatro estados: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Foto: reprodução do YouTube

A maior parte desse valor refere-se a dívidas de quatro estados: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. (Foto: Reprodução YouTube)

O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apresentou nesta terça-feira (9) em coletiva de imprensa um projeto de lei elaborado por ele para tentar resolver as dívidas bilionárias dos Estados com o governo federal.

Hoje, essas dívidas são corrigidas pela inflação + 4% ao ano, ou pela taxa Selic (atualmente, em 10,5%) – o que for menor.

O governo estima que as dívidas somam mais de R$ 700 bilhões no total. A maior parte desse valor refere-se às dívidas de quatro estados: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Segundo Pacheco, o Ministério das Finanças e os Estados concordam que esta fórmula precisa de ser revista, pois tem impedido a redução das dívidas.

“É o maior problema federal que existe, estados que estão muito endividados, que não têm condições de pagar suas dívidas, com um índice muito alto. Gera um grande desconforto, um grande problema nacional mesmo”, afirmou.

O novo projeto, que ainda precisará ser votado no Congresso e sancionado por Lula para virar lei, prevê em termos gerais:

– congelamento do valor principal da dívida corrente (sem descontos);

– que os atuais 4% de juros sejam deduzidos através de diversos mecanismos, como a federalização de ativos e créditos estaduais e a conversão em investimentos nos Estados;

– que seja criado um fundo com parte deste interesse para servir todos os Estados, endividados ou não;

– que as dívidas sejam parceladas em até 30 anos.

Para pagar menos juros, os Estados poderão entregar uma série de bens e recebíveis ao governo federal, incluindo:

– créditos judiciais ainda a receber;

– dívidas de contribuintes inscritos em dívida ativa;

– participações em empresas.

“É naturalmente necessário que os Estados tenham governação, gestão, equilíbrio de contas e que o legislador permita que existam instrumentos para que haja formas de resolver este conflito, assentes em negociações que poderão ser mais amplas do que o que já existe hoje”, disse. disse. Pacheco.

“Desta forma, portanto, temos uma forma muito justa e equilibrada de resolver o problema. Garantir a responsabilidade fiscal de não afetar o stock da dívida, mas permitir que os estados se organizem para pagar essa dívida”, continuou.

No Senado, o texto deverá ser relatado pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP). O procedimento para processamento ainda não foi definido.

Entender

Ao longo da elaboração do projeto, governadores e parlamentares tentaram aproximar a proposta do formato adotado nos diversos “Refis” e “Desenrolas” dos últimos anos: uma negociação com desconto nos juros e no valor do principal da dívida.

Segundo Pacheco, porém, isso não será possível porque violaria a legislação vigente e a responsabilidade fiscal do governo federal. Haveria impacto, por exemplo, no resultado primário da União.

Sem tocar no fundo

Os governadores sofreram outra derrota importante na elaboração do texto: não poderão utilizar o fundo de compensação da reforma tributária para reduzir a dívida com a União.

Esse fundo foi criado na primeira etapa da reforma tributária, aprovada pelo Congresso em 2023, e é um mecanismo para compensar os estados por possíveis perdas decorrentes da migração para um sistema tributário mais simples.

O governo ainda enviará ao Congresso um projeto de lei para regulamentar a composição e distribuição desse dinheiro.
O fundo só começará a ser preenchido em 2029, dependendo do cronograma de transição para o novo sistema tributário, e deverá receber pelo menos R$ 40 bilhões anuais do governo federal a partir de 2033.

Segundo Pacheco, pelas regras já definidas, esses recursos não podem ser utilizados pelos estados para negociar ou antecipar a liquidação da dívida com a União.