Presidente do partido de Bolsonaro também proíbe aliança com PT e outras siglas de esquerda

Presidente do partido de Bolsonaro também proíbe aliança com PT e outras siglas de esquerda


Diretórios que permitem coalizões com siglas de esquerda podem ser punidos e até demitidos. (Foto: PL/Divulgação)

O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, emitiu um comunicado aos seus membros no qual proíbe coligações entre seus membros e partidos de esquerda. A circular, assinada pelo presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto, menciona a federação formada por PT, PCdoB e PV, e o grupo formado por PSOL e Rede.

O texto define punições para quem descumprir a regra: o diretório que permitir alianças com esses partidos estará sujeito às medidas disciplinares previstas no Código de Ética do PL. A Executiva Nacional do partido ainda poderá intervir nas convenções locais.

O PL Mulher, liderado por Michelle Bolsonaro, também divulgou nota anunciando a abertura de um canal de denúncias sobre coligações irregulares. O setor aponta como motivo as dificuldades em saber o que se passa nos 5.568 municípios do país e afirma que o canal permanecerá aberto até 15 de agosto. O PL Mulher reforçou a decisão de Valdemar e disse que os motivos da proibição são “óbvios” —entre eles, o apoio dos partidos de esquerda ao “regime ditatorial” da Venezuela.

A determinação da sigla bolsonarista tenta evitar locais onde a rivalidade é deixada de lado, em cidades onde PT e PL governam juntos.

No ano passado, o Partido dos Trabalhadores aprovou uma resolução que abre portas para alianças com o partido de Bolsonaro nas eleições de outubro, com veto apenas para candidatos de Bolsonaro. Em documento publicado, dirigentes petistas defendem a assinatura de acordos com o PL em municípios onde haja interesses convergentes.

Pouco depois dessa decisão, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recorreu às redes sociais para dizer que “não há chance” de coalizão com o PT. “Somos oposição e assim continuaremos”, escreveu Valdemar no “X”, o antigo Twitter.

Principal abrigo da direita e da extrema direita no país, o PL fez parte da base dos governos petistas e, nas eleições presidenciais de 2002, indicou José Alencar para vice-presidente de Lula. O partido que hoje tem Bolsonaro como principal representante ocupou, além da vice-presidência, espaços importantes nas gestões petistas, como o Ministério dos Transportes.

Vermelhos

A resolução do PL vem na esteira de decisões discricionárias de diretórios locais que, apesar da liderança nacional, fizeram acordos com partidos de esquerda visando vitórias nas prefeituras.

Na semana passada, o presidente do PL na Bahia, João Roma, divulgou comunicado semelhante ao de Valdemar, afirmando que poderá destituir diretorias municipais que façam alianças com o PT e partidos de esquerda.

Outro caso é o de Olinda, na região metropolitana do Recife. No município, o candidato a vice-prefeito pela chapa de Vini Castello (PT) é o empresário Celso Muniz Filho —conhecido localmente por suas inclinações “bolsonaristas”, ingressou recentemente no PCdoB para concorrer ao cargo.

O empresário chegou a concorrer à prefeitura de Olinda em 2020, pelo MDB, e, em 2022, apoiou Anderson Ferreira (PL) ao governo de Pernambuco.

O caso foi exposto pelo vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) nas redes sociais. “Existem muitos desses em mais de 5 mil municípios do Brasil. Cabe a cada um de nós ir mais fundo do que fotografias e vídeos de apenas alguns segundos registrados, para que todos possamos qualificar nossos votos, pois falsos assuntos são mais comuns que pessoas reais”, declarou ao compartilhar notícia sobre a candidatura de Muniz Filho .

A medida adotada pelo PL visa impor um freio aos diretórios que abordaram candidatos ligados ao PT. O caso mais emblemático é o da Bahia, onde, nas palavras do presidente estadual do partido, João Roma, lideranças locais estavam “confraternizando com caciques de esquerda”.