Presidente de mineradora é proibido de entrar em aldeia indíge

Presidente de mineradora é proibido de entrar em aldeia indíge



MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – A Justiça Federal do Amazonas proibiu o presidente da mineradora Potássio do Brasil, Adriano Espeschit, de entrar na aldeia Guapenu, do povo indígena Mura, em Autazes (AM). Caso o empresário descumpra a decisão, terá que pagar multa diária de R$ 100 mil.

O executivo, segundo a decisão judicial, pretendia ir ao território explicar pessoalmente aos indígenas o projeto de exploração e bem-estar de potássio proposto pela empresa aos Muras.

Procurada pela reportagem, a empresa disse que não comenta decisões judiciais e irá comentar o caso.

Potássio do Brasil é acusado pelo povo Mura e pelo Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas de uma série de irregularidades – incluindo cooptação, assédio e até ameaças de morte contra indígenas – no curso de licenciamento para exploração mineral em terras no processo de demarcação pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

De acordo com a decisão judicial, o empresário não tem autorização da Justiça ou da Funai para entrar no local e conta com a rejeição da presença dele na terra indígena pelos próprios Muras.

A decisão, do juiz federal da 1ª Vara Cível Federal do Amazonas Jaiza Fraixe, foi proferida nesta quarta-feira (17/7). Segundo denúncia da Olimcv (Organização de Lideranças Indígenas Mura de Careiro da Várzea), o empresário teria uma reunião na aldeia nesta quinta-feira (18/7).

A juíza afirma, em sua decisão, que o território indígena é um “asilo inviolável”, assim como a casa de qualquer pessoa, e não é autorizada a entrada sem o consentimento do morador. Fraixe destaca que a Potássio do Brasil possui 12 licenças que autorizam a instalação do empreendimento, mas que estão subjugadas e, portanto, não acomodam “visitas indesejadas” ou explicações sobre o que significa viver bem dentro de uma aldeia.

“A boa vida de um povo indígena só pode ser dita, falada, escrita e decidida por eles próprios. Nenhum outro grupo pode desempenhar esse papel. Imaginemos que os indígenas entrassem na sede da empresa para ‘explicar’ o que é a boa vida de um Mura .Eles seriam presos em flagrante na mesma hora”, afirma trecho da sentença.

O professor Herton Mura, que faz parte do corpo técnico da Olimcv, disse que tem recebido “pedidos de ajuda” de indígenas da aldeia que discordam do projeto de mineração e “não aguentam mais” a insistência da empresa e dos tuxauas (líderes) que os apoiam. A Olimcv levou a queixa ao conhecimento do Tribunal.

“Para nós, povo Mura, essa decisão é um suspiro em meio ao licenciamento que o Ipaam [Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas] está emitindo em favor do projeto e da empresa. É com tristeza que vemos alguns líderes se posicionando contra a demarcação e enganando as pessoas”, afirmou.

Herton Mura afirma que os Muras de Autazes e Careiro da Várzea, municípios onde está localizado o fragmentado território Mura há mais de 200 anos, possuem um protocolo de consulta. E o documento deixa claro que nenhuma decisão, seja sobre garimpo ou entrada em aldeia, só pode partir de um tuxaua. “Nosso protocolo é claro. Nenhum tuxaua pode decidir sozinho. Nossas decisões são coletivas”.

Herton conta que a reunião na aldeia ocorreu, mas sem a presença do presidente da Potássio do Brasil. Para o professor indígena, não cabe ao presidente da mineradora falar sobre o bem-estar dos Muras.

Ele também reclama da falta de um Estudo do Componente Indígena para que os debates sobre o projeto possam ser realizados nas aldeias. A falta de estudo é uma das irregularidades apontadas pelo MPF no licenciamento.

A briga judicial dos Muras contra Potássio do Brasil começou em 2016, e há três ações em andamento na Justiça Federal: a que questiona o licenciamento prévio em 2016, a que pede a demarcação das terras indígenas Soares/Urucurituba, a partir de 2022, e um, de 2024, que aponta uma série de irregularidades no licenciamento de instalação do empreendimento em terras indígenas pelo órgão ambiental do Amazonas, o Ipaam.

Segundo o MPF, também foram feitas cerca de uma dezena de representações de lideranças indígenas Muras, com relatos de coação, cooptação, ameaças, pagamento de propina, invasões – estas desde 2016. Todo o processo coloca em risco a vida e a cultura dos Muros e o meio ambiente na região, segundo denúncias do MPF.

O vice-presidente da República e presidente do Confert (Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição Vegetal), Geraldo Alckmin (PSB), o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), e o presidente estadual do PT-AM e deputado estadual , Sinésio Campos, já manifestaram publicamente entusiasmo pelo projeto, sem mencionar em seus discursos a presença e rejeição do povo Mura à mineração.

Em novembro do ano passado, reportagem da Folha mostrou que o presidente da Potássio do Brasil, Adriano Espeschit, prometeu a Muras a compra e entrega de 5 mil hectares de terras caso houvesse posição favorável para o empreendimento de exploração de potássio.

A oferta, feita em assembleia de uma pequena parte dos Muras em setembro, foi seguida de declarações de Espeschit contrárias à demarcação do território, apesar do início dos procedimentos formais de delimitação pela Funai.

O presidente da Potássio do Brasil também disse aos Muras que o território só poderá se tornar terra indígena após a retirada do minério, num prazo de 23 a 34 anos. Em nota, a empresa afirmou que os benefícios para Muras já eram públicos.



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