Presidente da OAB critica Moraes por ordem de prisão contra suspeitos de ameaçar sua família

Presidente da OAB critica Moraes por ordem de prisão contra suspeitos de ameaçar sua família


Moraes declarou-se impossibilitado de prosseguir no caso, mas manteve a prisão preventiva dos dois suspeitos.

Foto: OAB/Divulgação

Moraes declarou-se impossibilitado de prosseguir no caso, mas manteve a prisão preventiva dos dois suspeitos. (Foto: OAB/Divulgação)

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por ter ordenado a prisão de suspeitos de terem feito ameaças a ele e sua família.

As medidas contra os suspeitos foram solicitadas pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e determinadas pelo próprio Moraes.

O fuzileiro naval Raul Fonseca de Oliveira, sargento atualmente lotado no Comando da Marinha, e seu irmão, Oliverino de Oliveira Júnior, foram presos pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (31). Eles enviaram e-mails para familiares do ministro do Supremo durante uma semana, detalhando sua rotina. Por conta disso, eles são investigados pelos crimes de ameaça e perseguição.

“A lei brasileira não permite que a vítima julgue o seu próprio caso”, disse o presidente da OAB à Folha. Simonetti acrescentou que o STF comete erros ao julgar pessoas sem foro especial.

O STF é responsável por julgar crimes comuns envolvendo o presidente, o vice-presidente, ministros, senadores, deputados federais, embaixadores, membros dos tribunais superiores e membros do Tribunal de Contas da União —autoridades com foro especial devido às prerrogativas de seu papel.

No sábado (1º), Moraes se declarou impossibilitado de prosseguir no caso, mas manteve a prisão preventiva dos dois suspeitos, ressaltando que há “fortes indícios de autoria”.

Em nota divulgada nesta sexta-feira, a assessoria de Moraes informou que as prisões do fuzileiro naval e de seu irmão foram por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, crime previsto no artigo 359-L do Código Penal.

O crime acarreta pena de prisão que varia de 4 a 8 anos. O crime é descrito como uma tentativa “através do uso de violência ou ameaça grave” de abolir o Estado Democrático de Direito. O artigo do Código Penal refere ainda que isso acontece impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constituídos.

O advogado do fuzileiro naval, Darlan Almeida, disse que seu cliente ficou “extremamente surpreso e perplexo” ao saber o motivo da prisão.

“Ao ser informado sobre os supostos fatos que levaram à sua prisão, ele (Raul) mostrou-se extremamente surpreso e perplexo, negando veementemente os fatos”, disse Almeida em vídeo gravado e enviado à imprensa.

Na gravação, o advogado de Oliveira afirmou ainda que “até o final da tarde” de sexta-feira não teve acesso “aos autos” que determinavam a prisão preventiva do fuzileiro naval e aos mandados de busca e apreensão.

A Marinha do Brasil divulgou nota na qual afirma não comentar processos de investigação que tramitam no Judiciário.