Por que avião que caiu em Gramado não tinha caixa-preta? Entenda o motivo

Por que avião que caiu em Gramado não tinha caixa-preta? Entenda o motivo


O acidente deixou dez mortos, todos da mesma família, além de 17 feridos. (Foto: Maurício Tonetto/Palácio Piratini)

O avião que caiu em Gramado, na serra gaúcha, neste domingo (22), não tinha caixa preta, segundo informou o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) à PCRS (Polícia Civil do Rio Grande do Sul). ). O acidente deixou dez mortos, todos da mesma família, além de 17 feridos.

O delegado-chefe de Gramado, Gustavo Barcellos, afirmou que o modelo da aeronave não era obrigado a ter caixa preta, sistema de gravação que registra as últimas conversas da tripulação. Nesse caso, a investigação terá que utilizar outras fontes de informação para determinar as causas do acidente, segundo o delegado.

O dono do avião era o empresário Luiz Claudio Galeazzi, que também pilotava a aeronave. Além dele, morreram a esposa, três filhas, sogra, cunhados e dois filhos.

A Regulamentação Brasileira de Aviação Civil nº 91 determina que aeronaves civis com mais de 10 assentos, com motores a turbina e fabricadas após 1991 devem possuir dispositivos de registro de dados de voo, chamados de caixas pretas.

O avião que caiu em Gramado era um pequeno turboélice bimotor. Tinha 9 lugares e foi fabricado em 1990 – portanto, não se enquadra na regra da caixa preta.

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) confirmou que o avião que caiu em Gramado não era obrigado a ter caixa preta. “Esclarecemos que a presença ou ausência de gravadores não interfere na operação ou na segurança de uma aeronave”, informou o órgão.

“A obrigatoriedade de contar com gravadores segue uma série de exigências, que envolvem o certificado do operador, as características da operação, a configuração e capacidade da aeronave, o ano de fabricação e a quantidade de pilotos necessários”, finalizou a Anac.

História

O engenheiro Gerardo Portela, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), especialista em risco e segurança, explica que a ausência de caixa preta não atrapalha a investigação. “A caixa preta facilita muito, mas a ausência dela não impede que você alcance seu objetivo, só demora um pouco mais”, explicou.

Segundo ele, há muitos outros elementos que podem ser considerados na investigação, já que a aviação civil brasileira é rigorosa em termos de documentação. Por exemplo, você pode verificar:

• Histórico de manutenção da aeronave;
• Histórico de voo do piloto;
• O estado de saúde do piloto;
• Condições meteorológicas.

Imagens do lugar
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A investigação também deve analisar possíveis erros humanos. “Os especialistas analisarão os fatores que podem levar ao erro. Por exemplo, se havia alguém pressionando a saída ou se o piloto tinha um compromisso urgente, ou se o manual da aeronave estava com dificuldade de leitura”, disse Portela.