A Secretaria de Proteção Ambiental, vinculada à Polícia Civil do Rio de Janeiro, investiga o aparecimento, nos últimos 15 dias, de quatro capivaras baleadas na região das lagoas de Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade. Segundo denúncias, o animais Eles são abatidos para vender a sua carne nos mercados locais.
A Secretaria de Estado da Polícia Civil informou que “os agentes estão realizando diligências para identificar os envolvidos”.
A morte de capivaras é comum?
Segundo o biólogo Mário Moscatelli, responsável por projetos ambientais na região, a situação é recorrente. “Tem hora que acalma, mas depois intensifica. A informação que temos, mas não tenho como saber se é isso ou não, é que os animais são caçados e a carne é vendida em feiras da Baixada de Jacarepaguá”, disse o profissional à Agência Brasil.
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“Nos últimos 15 dias encontramos quatro animais mortos com perfurações, típicas desta situação, ou seja, baleados. Os animais não morrem imediatamente. A captura é complicada por vários motivos e o animal acaba morrendo”, explica Mário.
A bióloga alertou que a violência contra os animais é um crime ambiental e que a situação está piorando, pois a carne não pode ser consumida. “Primeiro, a caça é proibida no Brasil. Em segundo lugar, a carne está contaminada por cianotoxinas produzidas por cianobactérias devido à degradação histórica do sistema lagunar”, acrescentou.
Mesmo que a carne passe por cozimento, fritura ou fervura, “a toxina fica impregnada e quem está comprando e comendo a carne, seja jacaré ou capivara, está se contaminando”. Moscatelli relata ainda que a toxina é cumulativa, pois “a pessoa não elimina essa toxina, nem pelas fezes nem pela urina. Fica preso em algum órgão até que ocorra um problema mais sério.”
Polícia poderia evitar situação
O biólogo destacou que, além das investigações da Polícia Civil, a Polícia Militar Ambiental passou a atuar nos últimos dias na região das lagoas de Jacarepaguá. “O que, a meu ver, precisa ser entendido pelos órgãos ambientais é que o trabalho envolve inteligência, no sentido de identificar quem são as pessoas, quem está vendendo e quem está comprando”, completa.
Moscatelli propõe, há 20 anos, uma gestão permanente, otimizando os recursos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por meio de sua guarda ambiental junto à Polícia Militar. Além disso, o profissional entende que os lagos devem, de fato, ser policiados, pois “não é uma terra de ninguém, onde cada um faz o que quer com os recursos naturais locais”.
O biólogo destacou ainda que os animais representam ativos econômicos ambientais essenciais para que o local se torne um dos mais importantes pólos de ecoturismo da cidade do Rio de Janeiro.
“Esses animais valem muito mais vivos do que mortos. Para que isso seja compreendido por algumas pessoas é necessária a força do poder estadual e municipal. Identificar, prender, mostrar que a relação custo-benefício vai ser muito alta para quem está fazendo isso, em termos do benefício potencial que essa pessoa poderia ter matando e vendendo os animais”, destacou.
Há uma semana, na mesma região, houve relatos de que jacarés estavam sendo capturados e abatidos. O motivo também seria a venda de carne animal.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Gabriel Felice
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