Polícia Federal faz operação contra inserção de falsa filiação de Lula ao partido de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral

Polícia Federal faz operação contra inserção de falsa filiação de Lula ao partido de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral


A polícia cumpriu mandado de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A polícia cumpriu mandado de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (30) uma operação que investiga a inserção de dados falsos no Sistema de Filiação Partidária (FILIA) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que levou à filiação indevida do presidente Lula ao Partido Liberal (PL). ) em julho de 2023. O petista era filiado ao partido do presidente Jair Bolsonaro há quase seis meses.

A polícia cumpriu mandado de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul, que resultou na arrecadação de um celular e um computador. A PF informou que a operação foi deflagrada na cidade de Fátima do Sul, e com base nos aparelhos eletrônicos apreendidos, foi confirmado que a fraude que filiou Lula ao PL, em julho de 2023, foi realizada no município.

Segundo a investigação, nenhum dos moradores da casa onde foi cumprido o mandado de busca e apreensão foi levado à delegacia. A PF informou ainda que essas pessoas deverão ser ouvidas posteriormente, por meio de depoimento virtual, já que a operação foi realizada por equipes de Brasília. Ainda segundo a PF, os investigados podem enfrentar acusações de invasão de dispositivo de computador, falsidade ideológica e identidade falsa.

A Polícia Federal informou que também investiga a atuação de um “funcionário do Partido Liberal” que teria realizado a “etapa de moderação” do cadastro – ou seja, confirmar as informações recebidas no formulário fraudulento. Segundo a PF, o suspeito de fraudar o sistema acessou o formulário digital no site oficial do PL e inseriu diversos dados pessoais de Lula, já durante o atual mandato de presidente.

Segundo a Polícia Federal, durante a investigação foi possível identificar que não houve invasão ao sistema do TSE, mas sim pedido fraudulento de filiação partidária em nome do presidente Lula. O pedido de adesão continha dados falsos, mas ainda assim foi recebido pela Justiça após a etapa de moderação realizada por um funcionário do PL, que também é investigado.

“Constatou-se que a utilização de dados falsos em nome do presidente teve início no início do processo de adesão, quando o cidadão interessado em aderir acessou o formulário digital em aba específica do site oficial do partido político, preenchendo diversas informações pessoais. – incluindo dados pessoais, políticos, selfie, upload de documentos, endereço e dados de contato como telefone e e-mail, bem como confirmação de dados e aceitação dos termos de uso – com a finalidade de iniciar o processo”, informou a PF.

Lula permaneceu inscrito pelo PL por quase seis meses no sistema de adesão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo log do sistema Filia, a inclusão ocorreu no dia 17 de julho de 2023, às 9h43. A mudança ocorreu no nome da advogada Ana Daniela Leite e Aguiar, que presta serviços ao PL, mas a suspeita é que a operação tenha sido realizada por outra pessoa. Procurado, o PL divulgou nota da empresa contratada para consolidar essas informações.

Na ocasião, Idatha afirmou que todo fluxo de qualquer afiliação fica registrado no sistema, que mantém informações e documentos auditáveis. A empresa disse que os lançamentos estão disponíveis para investigação das autoridades competentes.

“Em relação a este possível incidente, a empresa pretende verificar e está totalmente à disposição das autoridades para contribuir com o que for necessário”, afirmou.

Na história das filiações emitidas em nome do presidente Lula, está a sua filiação ao quadro petista, iniciada em 4 de maio de 1981, data da fundação do partido, e posteriormente a filiação ao Partido Liberal, em 15 de julho de 2023 (o data de filiação não é necessariamente igual à data de sua inclusão no sistema).

Sistema de associação
A filiação partidária é realizada entre o eleitor e os partidos públicos. O TSE explica que disponibiliza senha apenas para administradores partidários, que podem criar outras senhas para dirigentes estaduais ou municipais.

“Assim, para aderir a um partido, apenas os usuários do próprio partido podem cadastrar sua filiação na FILIA, inclusive o cadastro da senha de acesso é gerenciado pelo próprio partido”, diz o Tribunal.

O sistema só recusa a adesão em caso de eventual erro no cadastro dos dados cadastrais do associado, ou seja, se o número do título de eleitor ou a data de nascimento, por exemplo, estiverem incorretos. Além disso, segundo resolução do TSE, caso coexistam duas filiações partidárias, prevalece a mais recente, enquanto as demais são automaticamente canceladas durante o processamento.