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A Editorial Sul
| 19 de dezembro de 2024
A PF indiciou 40 pessoas por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A cada evento que participou nas últimas três semanas, o general Tomás Miguel Ribeiro de Paiva, comandante do Exército, é questionado sobre o andamento das investigações da Polícia Federal (PF) que já mandaram oficiais generais para a prisão, revelaram planos e ações para tentar dar um golpe de Estado e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.
A todos que se aproximam dele, o general explica que não há o que conversar no momento, pois ninguém, além dos delegados da PF, o ministro Alexandre de Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, sabe a extensão do que foi limpo. As suspeitas que foram descartadas e o que restou depois de tantas buscas, exames e depoimentos. Ainda não se sabe tudo o que a PF apurou sobre os generais Walter Braga Netto e Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter) e um dos 40 indiciados no inquérito golpista recém-concluído.
Exemplo disso foi que a PF questionou Teófilo sobre uma proposta que ele apresentou ao Alto Comando do Exército na qual defendia a criação de um Comando Multidomínio, que concentraria tropas do Comando de Operações Especiais e do Comando de Defesa Cibernética em Coter. Paralelamente, a 3ª Brigada de Infantaria seria transferida para o Comando Militar do Oeste, extinguindo o Comando Militar do Planalto, subordinado ao comandante do Exército. A proposta foi rejeitada pelos demais generais.
Aos federais, Teófilo disse: “A sugestão feita em agosto de 2023 pelo declarante ao Estado-Maior do Exército, do Comando Multidomínio, é uma tendência global, que está relacionada ao uso das Forças Armadas para defesa da pátria (guerra externa) ” . O general afirmou que não tinha relação com “o objeto da investigação”. Até o momento, não se sabe a conclusão da PF nesse sentido. A pergunta do delegado Fábio Shor aparece no depoimento de Teófilo no dia 23 de fevereiro.
Na manhã da última terça-feira (17), a cena não se repetiu mais uma vez, quando Tomás foi à posse do novo comandante militar do Sudeste, general Pedro Celso Coelho Montenegro, porque Tomás saiu sem dar entrevistas. A cautela do general tem ainda outro objetivo: evitar que qualquer lado da polarização política se aproprie de um comunicado para atacar a instituição.
Uma tempestade parece surgir toda semana diante da Força Terrestre: dos cortes nas pensões dos militares à revisão do alcance da Lei de Anistia, defendida pelo ministro Flávio Dino, aos decretos de prisão assinados por Moraes. Todos querem saber o que o general pensa e como reagirá. A República ainda não se habituou à cautela. (Marcelo Godoy/Estadão Conteúdo)
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A Polícia Federal ainda não revelou todas as provas e conclusões alcançadas na investigação do plano golpista
19/12/2024
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