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A Editorial Sul
| 24 de janeiro de 2025
O temor era que, de posse de informações mais detalhadas sobre suas movimentações financeiras, os contribuintes fossem acionados pela Receita Federal para prestar explicações ou pagar os tributos devidos. (Foto: Reprodução)
Cerca de 47 milhões de trabalhadores estão empregados informalmente ou devem impostos, no caso dos microempreendedores individuais (MEI). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria da Receita Federal.
A mudança no formato de monitoramento do Pix e dos cartões de crédito pela Receita Federal, anunciada no início deste ano, e posteriormente revogada pelo governo federal devido à repercussão negativa e à disseminação de informações falsas (de que as transações financeiras seriam tributadas), gerou tensão entre os empresários.
O temor era que, de posse de informações mais detalhadas sobre suas movimentações financeiras, os contribuintes fossem acionados pela Receita Federal para prestar explicações ou pagar os tributos devidos. O titular da Autoridade Tributária negou que esse fosse o objetivo do órgão.
Padrão
• Dados do IBGE indicam que, em novembro do ano passado (última informação disponível), havia 40,3 milhões de trabalhadores informais, o equivalente a 38,7% da população ocupada.
• Dados da Receita Federal indicam que, em setembro de 2024 (último dado divulgado), havia 16,17 milhões de microempreendedores individuais no país, dos quais 6,78 milhões estavam inadimplentes no pagamento de impostos ao governo, estados e municípios.
Informalidade
Segundo o economista sênior e gerente de projetos de mercado de trabalho da LCA Consultores, Cosmo de Donato Junior, o número de trabalhadores informais sempre foi alto no Brasil devido às grandes disparidades regionais. Isso ocorre porque regiões menos desenvolvidas (como Norte e Nordeste) têm menos oportunidades de trabalho formal devido à falta de qualificação.
“O mais relevante nesta discussão [de fiscalização do PIX] é que informal, nos últimos anos, deixou de ser sinônimo de trabalho precário. Existem trabalhadores muito bem remunerados que preferem empreender, trabalhar sem carteira assinada. Não é o tamanho da informalidade, mas quão bem as pessoas passaram a ser remuneradas dentro dela. O mundo está mudando, as grandes oportunidades não estão mais necessariamente no emprego formal, mas no empreendedorismo”, declarou Cosmo Junior, da LCA Consultores.
Segundo o analista, monitorar os movimentos financeiros dos contribuintes faz todo o sentido para o governo, pois há metas para as contas públicas que ele precisa atingir. Para 2025, por exemplo, o objetivo é eliminar o hiato fiscal.
“Você tem um quadro fiscal [regra para as contas públicas] que prevê aumento real [acima da inflação] de despesas. Por outro lado, você tem que providenciar, encontrar mecanismos e também ter um aumento de receita [arrecadação]”, avaliou.
Lavagem de dinheiro
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, negou que as mudanças anunciadas no formato da fiscalização, e posteriormente canceladas, tivessem como objetivo multar pessoas físicas, como pequenos trabalhadores que trabalham via aplicativo ou no mercado informal, por exemplo.
O titular da Receita Federal explicou que o órgão está, na verdade, atrás de pessoas que buscam ocultar a origem ilícita dos recursos, muitas vezes decorrentes de crimes como lavagem de dinheiro ou crime organizado.
Sobre os contribuintes tradicionais, os trabalhadores, Barreirinhas afirmou que as movimentações financeiras foram apenas um dos itens avaliados pela fiscalização do órgão.
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Polêmica Pix: 47 milhões de trabalhadores estão na informalidade ou devem impostos
2025-01-24
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