Pode parecer uma surpresa para quem vive em grandes centros urbanos, mas a população brasileira mora predominante em casas e não em apartamentos

Pode parecer uma surpresa para quem vive em grandes centros urbanos, mas a população brasileira mora predominante em casas e não em apartamentos


Segundo dados de 2023, 84,6% dos domicílios do país são casas. (Foto: Reprodução)

Pode parecer uma surpresa para quem mora em grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio, mas a população brasileira vive predominantemente em casas – e não em apartamentos. Contudo, esta tendência começa a mudar, com a urbanização cada vez mais acelerada do país. É o que mostra a nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em dezembro.

Segundo dados de 2023, 84,6% dos domicílios do país são casas, enquanto os apartamentos eram 15,2%. Porém, de 2016 a 2023, o número de apartamentos cresceu 27,5%. O número de moradias, por sua vez, aumentou apenas 13,7%, contribuindo para a queda da percentagem de moradias e para o aumento da percentagem de apartamentos.

Em todas as regiões, o percentual de moradias era elevado. Mas, pela primeira vez na série histórica, uma grande região teve percentual de moradias abaixo de 80%. No Sudeste, eram 79,8% casas e 20,1% apartamentos. “É preciso considerar a evolução das cidades, onde se dá preferência à construção de prédios de apartamentos, já que, no mesmo terreno, é possível ter dezenas de unidades residenciais, em vez de apenas uma”, disse o economista William Araújo Kratochwill , pesquisador do IBGE responsável pela publicação do estudo.

“Até o século passado, éramos um país predominantemente rural. Agora, somos predominantemente urbanos. É natural que aumente a percentagem de apartamentos em aglomerados urbanos”, afirma. Além disso, acrescenta o economista, em geral é mais barato comprar um apartamento pequeno do que uma casa. Sem falar na questão da segurança; edifícios tendem a ser mais seguros.

Censo

Os dados da Pnad corroboram os números do Censo 2022 divulgados no início de dezembro, registrando um aumento significativo no número de domicílios nos últimos anos e no percentual de casas alugadas, não próprias. De acordo com os novos dados, o número de habitações particulares permanentes no país foi estimado em 77,7 milhões – um valor 4,8% superior ao registado um ano antes e 15,6% superior ao de 2016.

O trabalho demonstrou uma redução contínua no percentual de casas próprias já pagas, de 66,7% em 2016 para 64,8% em 2019. Em 2022 caiu para 63,8% e, no ano seguinte, para 62,3%. Neste período, a percentagem de alojamentos arrendados aumentou de 18,5% para 22,4%.

Segundo os novos dados, em 2023, 18% das unidades domésticas do país eram unipessoais, ou seja, constituídas por apenas um residente. Isto representa um aumento de 5,8 pontos percentuais face a 2012. Na análise por género, os números revelam que, em 2023, as mulheres representavam 45,1% das pessoas que viviam sozinhas, enquanto os homens correspondiam a 54,9%.

E como é essa casa em que mora o brasileiro? Segundo a Pnad, dos 77,7 milhões de domicílios brasileiros, a maioria, 69,2 milhões (ou 89,1%), possui paredes externas de alvenaria ou barro com revestimento; um aumento de 16,8% em relação a 2016. O piso, por sua vez, tem cerâmica, azulejo ou pedra como material predominante em 81,7% das residências. Um percentual considerável de residências (11,7%) possui piso de cimento, enquanto a madeira aparece em 6,1% dessas residências.

Em 2023, 49,4% dos domicílios tinham telhas sem laje de concreto como material de cobertura predominante e 33,0% tinham telhas com laje de concreto. Outros 14,8% das residências tinham apenas laje de concreto como cobertura e 2,7% utilizavam algum outro material.

O novo inquérito mostra que 85,9% tinham acesso à rede geral de abastecimento de água. Praticamente todas as residências, 98,1%, possuíam banheiro de uso exclusivo e, em 69,9%, o esgoto era escoado pela rede geral ou por fossa séptica.