Pena de 20 anos prevista no projeto de lei do aborto coloca o Brasil na contramão do mundo

Pena de 20 anos prevista no projeto de lei do aborto coloca o Brasil na contramão do mundo



Se o projeto de lei que equipara o aborto após a 22ª semana de gravidez ao crime de homicídio avançar, o país entrará para uma pequena lista de nações com penas de prisão superlativas para mulheres que interrompem a gravidez. Hoje, o Brasil faz parte do grupo majoritário de nações que prevêem até cinco anos de privação de liberdade quando o procedimento for realizado fora das condições legais. A pena máxima aqui é de três anos, enquanto o projeto busca equiparar a prática ao homicídio e pode resultar em até 20 anos de prisão.

Com pedido de urgência aprovado pela Câmara dos Deputados, o texto propõe duas alterações principais. Uma delas é estabelecer 22 semanas como prazo máximo para abortos legais – casos de estupro, que representam risco à vida da mulher e à malformação do feto.

Após esse período, a mulher ficaria suscetível a penas severas, qualquer que fosse o motivo do aborto. Esse segundo ponto do projeto foi o que gerou maior polêmica e revelou o retrocesso na pauta, segundo os críticos, já que a punição para a mulher seria maior do que a aplicada a um estuprador, que pode pegar no máximo dez anos de prisão .

O relatório mais atualizado da revista científica BMJ Global Health sobre o aborto, de 2022, analisa as penas que os países determinam para quem o pratica em situações fora das permitidas por cada um deles. A maioria prevê algum tipo de punição, mesmo algumas das mais progressistas da agenda. Muito poucos, porém, no nível que a Câmara brasileira pretende impor.

São 91 nações que estipulam até cinco anos de prisão; 25 que prevêem entre cinco e dez anos; dois (Guiné Equatorial e Zâmbia) entre dez anos e prisão perpétua; há outros seis que falam em prisão perpétua; e três que, apesar de considerarem prisões, não estabelecem pena máxima na legislação. Com o PL, portanto, o Brasil apareceria na pequena lista de menos de dez países que determinam mais de dez anos de prisão para mulheres.

Criminalização das vítimas

A pesquisa deixa de fora algumas nações, especialmente as da América do Norte e do Reino Unido, devido à falta de uniformidade entre os diferentes estados dos países. Esta característica é marcante nos Estados Unidos, onde raparigas e mulheres viajam frequentemente de um estado para outro em busca de acesso ao aborto legal.

“O projeto irá criminalizar as mulheres vítimas de estupro, com penas maiores do que o estupro que sofreram. A consequência imediata e óbvia é o desincentivo à procura dos serviços de saúde por medo da criminalização, o que pode levar à impunidade dos estupradores e à morte das mulheres que buscam o aborto inseguro”, observa a advogada Eloísa Machado, professora da FGV Direito SP.

Segundo a pesquisadora, o projeto é especialmente preocupante em casos de estupro de crianças e adolescentes. “Diante de dados que mostram que a grande maioria das violações envolve meninas dos dez aos 14 anos, violadas pelos seus familiares, este é um projeto que irá forçar sobretudo a gravidez resultante de violação em crianças e adolescentes”, reforça.

Outro exemplo de penas superlativas é El Salvador, na América Central, onde o aborto é proibido em todas as circunstâncias desde 1998 e as mulheres são geralmente julgadas por homicídio qualificado quando o praticam. Mesmo as pessoas que sofreram abortos espontâneos ou tiveram complicações obstétricas foram condenadas a até 30 anos de prisão, apesar da legislação falar em penas de dois a oito anos.

Vizinhos e Europa

A América Latina como um todo é a região onde o maior número de países prevê punições para mulheres que abortam fora dos locais autorizados: 97%, em comparação com 91% na África, 85% na Oceania, 67% na Ásia e 41% da Europa, mostra o relatório. Cuba, aqui, é uma exceção: além do aborto legal, não há criminalização das mulheres.

Mesmo nos países da América do Sul que avançaram recentemente com legislação sobre o aborto, como a Argentina, o Uruguai e a Colômbia, os casos realizados em circunstâncias diferentes das permitidas podem resultar em sanções. Em nenhum dos três, porém, passam mais de três anos na prisão.

Os europeus são os mais progressistas na questão do aborto. Além de praticamente todo o continente permitir o procedimento, as punições em casos fora da lei são baixas. Em Portugal, assim como na maior economia do continente, a Alemanha, a pena vai até três anos de prisão. A informação é de O Globo.



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