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A Editorial Sul
| 29 de novembro de 2024
Galípolo terá um ano difícil à frente do Banco Central.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Galípolo terá um ano difícil à frente do Banco Central. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
Com a decepção do mercado financeiro em relação ao pacote fiscal do governo, economistas estimam que o Banco Central terá que acelerar o aumento dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o início de dezembro.
Com o câmbio em outro patamar (acima de R$ 6), as expectativas de inflação para 2025 e 2026 devem se deteriorar ainda mais nos próximos boletins Focus do Banco Central (BC) e a Selic deve ser elevada em 0,75 ponto percentual em relação às expectativas de aumentos anteriores de 0,5 pontos percentuais
Se isso se confirmar, os juros fecharão o ano em 12% e as apostas são de que o ciclo de alta termine com a taxa em torno de 14%.
Presidente do conselho de administração da Jive Investments e ex-diretor do Banco Central, economista Luiz Fernando Figueiredo, avalia que o Banco Central está sob pressão. Com o câmbio muito mais depreciado, as expectativas de inflação, que já vinham piorando, deverão piorar ainda mais e o BC terá que aumentar os juros mais rapidamente.
“Se a expectativa era de aumento de 0,5 ponto percentual (pp) em dezembro, agora espera-se um aumento de 0,75. E se a taxa Selic estimada no final do ciclo de alta era de 13%, 13,5%, agora terá que ser mais, talvez 14%, 14,5%. Ainda será preciso ver o comportamento do dólar e onde a moeda vai se estabilizar, pois o mercado está instável”, afirmou Figueiredo.
Agir
Para Sergio Vale, economista da MB Associados, com o câmbio em R$ 6, será difícil para o Banco Central fazer outra coisa senão aumentar a Selic em 0,75 ponto percentual na próxima reunião.
“Não há muita alternativa. O BC caminha para encerrar o ciclo de alta da Selic com algo próximo de 14% para conter as expectativas. É um cenário que se torna mais desafiador para o BC sob nova gestão. O BC precisa sinalizar agora que vai agir e isso significa aumentar a Selic em 0,75 ponto percentual. Aumentar 0,5 ponto percentual seria ruim”, afirma Vale.
Ano Novo complicado
Se o fim do mandato da atual diretoria do BC for conturbado, 2025 será ainda mais complicado. Ou seja, Gabriel Galípolo, indicado pelo governo para a presidência do BC, e que substituirá Roberto Campos, terá um ano muito difícil, na avaliação da Vale, especialmente pelos cenários que o governo está construindo nos aspectos fiscal e monetário política.
Para Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, os efeitos colaterais negativos gerados pela decepção com o pacote fiscal do governo estão sendo muito severos, com a curva de juros futuros subindo muito acentuadamente, o mercado de ações despencando e o dólar subindo de R$ 6.
“Esta não é uma luta entre o governo e o mercado financeiro, que fornece liquidez, que financia o desenvolvimento económico. Os agentes estão sinalizando que algo não vai dar certo no futuro”, afirma Agostini, que também prevê aumento de juros de 0,75 ponto percentual em dezembro.
Rédea curta
Neste cenário, o BC terá que apertar ainda mais a sua política monetária, acelerando a subida dos juros para corrigir este problema agora gerado pela política fiscal, que ainda é expansionista.
“O Galípolo terá que manter o controle. A inflação em 2025 já está mais próxima do teto da meta e a inflação em 2026 também já está subindo. Isso foi antes do pacote ser anunciado. As próximas expectativas que o BC divulgar através do Focus certamente serão prioritárias”, prevê. (A informação é do jornal O Globo)
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Pacote fiscal do governo eleva expectativa de aumento da taxa Selic para 0,75 ponto percentual na reunião do Copom de dezembro
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