Oposição fará pedido de impeachment de Alexandre de Moraes após revelação sobre mensagens; senadora Damares Alves sugere a renúncia do ministro

Oposição fará pedido de impeachment de Alexandre de Moraes após revelação sobre mensagens; senadora Damares Alves sugere a renúncia do ministro


Moraes diz que o TSE tem “poder de polícia” e que os relatórios solicitados eram “oficiais e regulares”. (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

Após a revelação de que o gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes havia dado ordens oficiosas para a produção de relatórios do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a oposição no Congresso já se articula para pedir o impeachment de o magistrado. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a movimentação de Moraes foi feita por meio de mensagens de apoio a decisões do próprio ministro contra aliados do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) na investigação de fake news e milícias digitais.

Moraes, por sua vez, diz que o TSE tem “poder de polícia” e que os relatórios solicitados eram “oficiais e regulares”.

A senadora Damares Alves (Republicanos) afirmou que o senador Eduardo Girão (Novo) apresentará pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, e sugeriu que o magistrado renunciasse “pelo bem da democracia”.

“Temos mais de uma dezena de senadores que já manifestaram interesse em assinar. Se 5% do que foi divulgado hoje for verdade, espero que o ministro, ainda esta noite ou esta manhã, coloque a cabeça no travesseiro, reflita muito e ao amanhecer apresente sua demissão. Será mais fácil para todos. É o mínimo que ele poderia fazer agora para garantir a nossa democracia”, disse o senador.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Girão afirmou que o pedido de impeachment já seria feito no âmbito de uma campanha nacional. As ações devem ocorrer até o dia 7 de setembro para coletar assinaturas de outros senadores, além de deputados.

As novas informações reveladas, segundo Girão, darão mais “robustez” ao pedido. “As equipes estão estudando até agora, mas só arquivaremos no dia 9. Então, dá tempo, inclusive de ouvir os juristas”, afirmou.

Para o senador, esse é um dever que os parlamentares têm depois de “tantas violações de direitos humanos”, já que só o Senado tem competência para iniciar processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal.

“Acredito que chegou a hora do Senado se posicionar em defesa da verdadeira democracia”, destacou Girão.

Reações

Após a revelação do caso, vários parlamentares da oposição se manifestaram. O senador Cleitinho (Republicanos-MG) foi um deles: “Urgente! Em relação ao ministro Alexandre de Moraes: não vou prevaricar e espero que os demais senadores façam o mesmo”, afirmou, em referência ao possível pedido de impeachment.

O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirmou que o caso é “muito grave” e que revelaria “um esquema de perseguição” de Moraes contra apoiadores de Bolsonaro. “Vamos exigir que o senador cumpra o seu papel constitucional. O Brasil não merece um Ministro do mais alto Tribunal de Justiça, agindo assim…”, afirmou.

O ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo) disse que as mensagens “comprovam suspeitas que existiam desde 2019” sobre a atuação do ministro e defendeu o impeachment de Moraes sob o argumento de que o magistrado “usurpou a função pública de procurador-geral da República”.

Outras personalidades, como o bilionário Elon Musk, investigado no inquérito da milícia digital, também reagiram à notícia. Musk comentou “Uau” na postagem do jornalista Glenn Greenwald no X (antigo Twitter) em que ele publica a reportagem.

Por outro lado, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), afirmou que o assunto é “sensacionalista e não corresponde à verdade”.

Para o petista, o relatório deveria apenas “alimentar o movimento de tentar desacreditar o STF para influenciar o julgamento de quem é inelegível”.