”O RS não deve ser reconstruído. Deve ser repensado”, diz especialista

”O RS não deve ser reconstruído. Deve ser repensado”, diz especialista



Neste ano de eleições municipais, a agenda de emergência climática entrou definitivamente no rol de interesses dos cidadãos, que veem sua cidade despreparada para enfrentar os desafios impostos pelo aquecimento global, após a catástrofe que abalou o Rio Grande do Sul. Para a Associação Nacional de Cidades Inteligentes (Anciti), esse é mais um tema que envolve necessariamente tecnologia. Mas não como um fim em si mesmo. Para a entidade, cidade inteligente não é sinônimo de cidade tecnológica, é aquela que é “boa para se viver”, segundo o presidente Johann Dantas e o diretor do conselho fiscal Walter Júnior, que concederam entrevista exclusiva ao relatório. EM É de Correspondência. Para eles, a tecnologia é um vetor de desenvolvimento económico e social.

É para disseminar ideias inovadoras como essas que a Anciti trabalha. A organização não governamental reuniu, em São Paulo, representantes de mais de 40 grandes e médias cidades e empresas do setor de tecnologia para trocar experiências e incentivar a troca de informações e projetos.

A capital paulista, por exemplo, apresentou um sistema inovador de monitoramento de buracos nas ruas da maior metrópole da América do Sul. Lá, a prefeitura instalou sensores e câmeras na parte inferior dos carros de aplicativo que monitoram, em tempo real, o estado do pavimento e registram imagens de cada trajeto. Os dados vão para uma central que identifica as ruas, os buracos, as consequências em relação à redução de velocidade e os riscos de acidentes. Com base nesses dados, a prefeitura cria uma estratégia para programas de recuperação e pavimentação de ruas e avenidas.

Para enfrentar a emergência climática, muitas cidades já adotaram sistemas digitais de monitoramento de áreas com risco de deslizamentos, inundações ou deslizamentos, que são compartilhados entre outros prefeitos para melhor orientar a destinação dos recursos públicos e facilitar o monitoramento das políticas. de prevenção.

Nada disso, porém, funcionará se os prefeitos não souberem usar as ferramentas digitais de forma eficiente ou se os funcionários não estiverem qualificados para usar as novas tecnologias. “Tem muitos prefeitos que têm fetiche tecnológico, que apregoam suas cidades como ‘conectadas’, mas não têm organização de dados, não usam dados para sua missão. Dizem que têm drones, mas nem sabem o que se pode fazer com eles”, provoca Johann Dantas, em entrevista que você confere abaixo:

O conceito de cidade inteligente insere-se num debate global, adaptando as estruturas urbanas aos novos tempos de emergência climática, à revolução tecnológica e à inteligência artificial. No Brasil, a tragédia no Rio Grande do Sul expôs dramaticamente as fragilidades das cidades brasileiras no enfrentamento de eventos naturais potencialmente devastadores. Em que momento está esse debate no Brasil?

Mais do que repensar, é urgente enfrentar estas questões. Não estamos falando apenas da tragédia no Rio Grande do Sul, estamos falando do Rio de Janeiro, que também teve deslizamentos (recentes). São Paulo também é atingida por chuvas excepcionais. O próprio conceito de cidades inteligentes varia. Para mim é uma coisa, mas no Piauí pode ser diferente. Uma cidade inteligente é uma cidade conectada com uma série de serviços públicos disponíveis? Poderia ser um modelo. Ou é uma cidade que pensa no futuro, no futuro? Como ouvir os cenários da ciência, que há muito tempo diz que isso iria acontecer e nenhuma ação foi tomada? O que aconteceu no Sul foi um choque. Não basta apenas falar, é preciso agir, colocar as ideias em prática.

Como a Anciti analisa, quase dois meses depois, os impactos nas cidades gaúchas? Que lições aprendemos com isso?

A cidade inteligente é uma boa cidade para se viver. A cidade inteligente passa por um nível de resiliência que as alterações climáticas estão a impor a todos nós. Tínhamos um velho Rio Grande do Sul, uma velha Porto Alegre, que teve uma transição para o novo que impactou não só na capacidade de resiliência, mas na capacidade de previsão de desastres. O uso da tecnologia tem que ser muito mais focado na segurança, afinal os municípios continuarão a inundar. Há uma discussão no Sul sobre se é necessário deslocar essas áreas, mudar sua localização. As cidades gaúchas não deveriam ser reconstruídas. Eles devem ser repensados. Há prefeituras que provavelmente irão desaparecer. O nível de inteligência não é medido por dispositivos eletrônicos e digitais. Deve-se à capacidade de resiliência, sustentabilidade e resposta rápida. Vamos fazer uma reformulação do “inteligente”. Inteligente não significa apenas a aplicação de tecnologia. Ela em si é um fetiche.

O Brasil possui mais de 5 mil municípios, cada um com sua realidade específica. Como podemos levar este debate sobre cidades inteligentes a locais e populações tão diferentes?

A Anciti tem três anos, com um propósito muito específico de partilhar informação, experiências e soluções. Tínhamos acabado de passar pela crise pandêmica da Covid-19. Sistemas desenvolvidos em Recife foram utilizados em Belo Horizonte e outras capitais. Ali nasceu a primeira forma de partilha entre cidades. Criamos também uma rede de relacionamento entre nossos associados, que se colocam à disposição uns dos outros. Há muita coisa acontecendo aqui. Compartilhamos até atas de registros de preços e termos de cooperação. Agora vem a inteligência artificial. Finalmente, este ano começamos a treinar pessoas. Estamos formando parcerias no setor educacional para não apenas qualificar, mas também estabelecer um processo de comunicação mais amplo. O trabalho de comunicação é o que nos permite chegar ao topo.

Que exemplos podem ser dados?

Temos prefeitos que fazem compras públicas compartilhadas com outras entidades. Isso nos interessa. Não sabíamos que São Paulo tinha um sistema de zeladoria que funcionava. É preciso construir pontes para que essas experiências cheguem a outros lugares. Estamos falando de compartilhar.

Como é que a questão das alterações climáticas entra neste debate?

A cidade inteligente se preocupa com as mudanças climáticas que ocorrem de norte a sul e que impactam aqui, no Brasil. É a cidade que utiliza a tecnologia para prever o clima, monitorar e prever resgates de vítimas de catástrofes. Isso aproveita a qualificação de seus gestores. Não basta ter uma cidade inteligente, é preciso ter um órgão que a administre. Isto é novo em todo o mundo. Não é mais um lema, é uma realidade. As alterações climáticas têm impacto na saúde, na educação, em tudo. Tem que ser levado muito a sério, assim como levamos a educação e a saúde.

No Brasil, como as cidades estão progredindo em direção a um futuro mais sustentável e inteligente? Ainda somos muito analógicos, burocráticos?

Temos um movimento importante, independente de governos, que é o tecnológico. Todos nós consumimos tecnologia ‘na veia’. Se a internet cair aqui (na reunião regional da Anciti), teremos um caos! Independentemente da nossa vontade, estamos sendo inundados por novas tecnologias. A inteligência artificial já chegou, o que traz exponencialidade. Isto não se aplica apenas ao mercado, mas a todos nós. Meu filho de 12 anos já começou a usar IA.

Os gestores municipais estão conscientes da magnitude da revolução tecnológica?

Muitas cidades ainda não tratam a tecnologia como vetor de desenvolvimento, como fazem com a saúde, a educação e a segurança. A tecnologia precisa ser incluída nesta operação. Ela vai ajudar em tudo: planejamento e execução. Um hospital público hoje utiliza tecnologia massiva internamente, no agendamento de consultas e nos prontuários. Durante a pandemia, a primeira aplicação que a Anciti compartilhou foi o gerenciamento de filas. Cada cidade quis fazer o seu agendamento para administrar a vacina, cada cidade criou a sua estrutura. Recife criou um aplicativo, o Conecta Recife, e disponibilizou o código. Todos adoraram e chegaram ao Conecta SUS. Isto é um espetáculo! Isso é ser inteligente.

Qual a avaliação da Anciti sobre o governo, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação?

A ministra Luciana Santos tem feito um bom trabalho, tem uma missão e tem se aproximado bastante de alguns municípios. Ela está aberta a apoiar e estamos preparando uma proposta com nossas sugestões de cidades inteligentes. Não estamos falando de mudar o mundo, mas apenas de questões práticas. Não basta querer ser uma cidade inteligente, é preciso ter ferramentas e financiamento. Mas o momento atual não é dos melhores, há limitações orçamentárias e dificuldade para investir. Se o MCTI conseguir implementar uma política de apoio às pequenas cidades – as médias e grandes têm capacidade para fazer isso com suas próprias forças – será um grande salto na transformação. Temos municípios que carecem de tudo, se não receberem o FPM (Fundo de Participação Municipal) não conseguem nem pagar o salário. Se faltar o Bolsa Família a economia não vai avançar. São os que mais precisam de apoio do governo federal.

O que a Anciti pode fazer para ajudar os municípios neste processo?

Aracaju tem uma plataforma de compras públicas que encantou o Rio de Janeiro, que quer levar para lá a solução, adaptada às suas especificidades. Aracaju não se preocupa com geadas, mas São Joaquim (SC) sim. O papel da Anciti é explorar o que os municípios e as empresas públicas têm para partilhar e adaptar-se às realidades de outras cidades. As diferenças existem, mas os problemas são básicos de educação, saúde, buracos nas ruas, podas de árvores, etc. Aracaju possui um quadro de monitoramento climático e territorial muito bom, que Teresópolis (RJ) está utilizando para monitorar suas encostas. E Aracajú só tem uma encosta, o maior problema lá são as enchentes.



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