“No Brasil, são os mais ricos que se sentem mais injustiçados”, diz ministro da Fazenda

“No Brasil, são os mais ricos que se sentem mais injustiçados”, diz ministro da Fazenda


Haddad reforçou que só existem três formas de reduzir a alíquota normal do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA).

Foto: Rovena Rosa/Ag. Brasil

Haddad reforçou que só existem três formas de reduzir a alíquota normal do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA). (Foto: Rovena Rosa/Ag. Brasil)

Ao falar sobre temas como a isenção para carnes na reforma tributária, na manhã desta sexta-feira (12), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, no Brasil, são os mais ricos que se sentem mais tratados injustamente. Ele citou como exemplo a arrecadação de imposto de renda sobre fundos exclusivos e offshore e disse ainda que os ricos que têm filhos estudando em Princeton são os que se sentem mais prejudicados.

“Que os pobres paguem imposto sobre a carne para financiar os ricos que estão fora do Brasil”, criticou, durante o 9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). “Infelizmente quem não está habituado aqui é a elite”, disse, defendendo que é preciso enfrentar estas questões ou “vamos ver injustiças nas ruas o dia todo”.

Haddad reforçou que só existem três formas de reduzir a alíquota normal do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA): permitir o menor número possível de exceções à alíquota normal, combater a evasão fiscal, ou o rendimento tributário, como países membros da OCDE.

“O ministro das Finanças ou está derrotado ou parcialmente derrotado, não há alternativa para ele vencer nunca”, disse, acrescentando: “Fui parcialmente derrotado, mas fui o único que conseguiu exigir alguma coisa”. Ele considerou que a União não cobra impostos sobre a carne, existem impostos estaduais e reiterou que considera o cashback uma opção melhor.

Reação do mercado

Após as falas do ministro, o dólar renovou sua máxima. A economista da Valor Investimentos, Paloma Lopes, afirma que o dólar está subindo em relação ao real, na direção oposta, devido à instabilidade em relação à política fiscal do governo Lula, que continua afetando muito o sentimento do mercado.

Segundo ela, Haddad adotou uma postura antimercado e antielite em seus discursos desta manhã, contrariando o tom mais conciliador que vinha adotando em relação ao setor privado e ao mercado. Isso é um pouco assustador e se reflete na alta do dólar, diz ela.

O economista lembrou ainda que, no exterior, embora a situação do presidente americano Joe Biden em sua tentativa de concorrer à reeleição seja preocupante, o dólar está caindo e as taxas de juros do Tesouro buscam acomodação sob o efeito do IPC (inflação) mais fraco e perspectivas de cortes de juros. interesse nos EUA este ano.