No Brasil as apostas on-line somaram R$ 120 bilhões em 2023 e podem chegar a R$ 150 bilhões neste ano

No Brasil as apostas on-line somaram R$ 120 bilhões em 2023 e podem chegar a R$ 150 bilhões neste ano


Com regras rígidas e monitoramento de atividades suspeitas, o Reino Unido proibiu, por exemplo, jogadores ou árbitros de apostarem em futebol. (Foto: Reprodução)

Diante de um mercado em rápido crescimento no mundo, o Brasil enfrenta o desafio de regulamentar as plataformas de apostas online, as apostas populares, principalmente associadas aos jogos de futebol. O governo finaliza as regras que formalizarão o setor no país a partir de janeiro de 2025, incluindo a previsão de arrecadação de impostos aprovada no Congresso.

A experiência de outros países que já fizeram isto antes indica que o governo pode de facto obter milhares de milhões em receitas provenientes deste regulamento, mas também que o estabelecimento de regras de controlo e salvaguardas para minimizar os riscos pode gerar empregos e negócios. A tendência deve ser que as pequenas empresas do setor sejam adquiridas por empresas maiores e até gigantes globais, que poderão se sentir ainda mais atraídas pelo promissor mercado brasileiro.

Os números são atraentes. Segundo estimativas da plataforma de dados Statista, as apostas online vão gerar nada menos que 45 bilhões de dólares (pouco mais de R$ 250 bilhões) em todo o mundo neste ano, chegando a 65,1 bilhões de dólares (R$ 364 bilhões) em 2029, um crescimento anual de 7,4%.

No Brasil, as avaliações são realizadas por consultorias nacionais, por isso os números não devem ser comparados. A estimativa é que as apostas online totalizem R$ 120 bilhões em 2023 e possam chegar a R$ 150 bilhões neste ano, indica Ricardo Bianco Rosada, da brmkt.co, consultoria de estratégia e desenvolvimento de negócios.

Mas os números são apenas uma estimativa, já que mesmo o número total de empresas que operam no país é impreciso: varia entre 200 e 1.200, dependendo da fonte. Somente quando o mercado estiver regulamentado, com apostas baseadas no país, será possível chegar a um número mais próximo da realidade. Ainda assim, especialistas apontam o mercado brasileiro como muito atrativo para apostas.

A análise de números de países como Reino Unido, Itália e Espanha confirma a expectativa do governo de arrecadação tributária significativa, mas também destaca a criação de vagas para atendimento ao cliente, operação de sites e profissionais de tecnologia.

São posições que devem ser internalizadas com a obrigatoriedade das apostas se estabelecerem no Brasil. Até agora, operavam a partir de estruturas no exterior. “As regras trazem segurança jurídica ao investimento, garantias aos apostadores e busca pelo jogo responsável. E, claro, novos recursos fiscais”, afirma Ricardo Bianco Rosada, da brmkt.co, consultoria de estratégia e desenvolvimento de negócios.

Referência

O Reino Unido é visto como referência na formalização das apostas online. Dezenove anos após a regulamentação, a arrecadação de impostos chega a 4 bilhões de libras (R$ 29 bilhões) por ano.

As apostas britânicas têm uma alíquota de 15% sobre a chamada Receita Bruta do Jogo (GGR), que é a receita bruta das plataformas após o pagamento dos prêmios, mas não há imposto de renda para os apostadores vencedores.

Com regras rígidas e monitoramento de atividades suspeitas, o Reino Unido proibiu, por exemplo, jogadores ou árbitros de apostarem em futebol. Os atletas também não podem repassar nenhuma informação a pessoas que possam se beneficiar das apostas, como a escalação de seu time. As autoridades discutem um novo código de publicidade para apostas.

O país tem mais de 60 mil empregos diretos ligados ao setor, formados por 1,6 mil sites de apostas, mas esse número já ultrapassou os 2,4 mil. Outra tendência que a experiência internacional mostra é esta concentração de um mercado hoje muito disperso. A informação é de O Globo.