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A Editorial Sul
| 10 de novembro de 2024
Maratonista e filho de Renan Calheiros, Renanzinho, como é conhecido, é formado em ciências econômicas e tem carreira na política. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), quer realizar 35 leilões de rodovias até o final do mandato do presidente Lula para destravar investimentos de R$ 190 bilhões, superando o ex-ministro Tarcísio de Freitas, hoje um potencial nome alinhado à direita com o mercado para disputar as eleições residenciais de 2026. Para ele, porém, o predomínio do capital privado no setor mostra que Lula é um pragmático e centrista, posição que precisa ser divulgada caso seja candidato à reeleição.
– O senhor já disse que já fez mais que Tarcísio, ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, e que, pela primeira vez, o capital privado será majoritário nas rodovias e ferrovias. A comparação entre gestões, que também pode ser vista em outras secretarias, é orientação de Lula, visando 2026?
Não é uma polarização política, nem uma obrigação [imposta pelo Planalto]. O fato é que o presidente Lula é o maior dirigente de centro do país. Muito antes de o centrão vencer as eleições autárquicas, PP, União, PSD, Republicanos já estavam no governo. Agora, é importante colocar isso aí para as pessoas compararem, porque é muito fácil dizer que Bolsonaro é liberal. Nunca foi. E também não foi eficiente, não fez concessões, não atraiu capital privado. Com Lula teremos o domínio do capital privado nas rodovias e ferrovias, uma reversão histórica.
– Então a questão é reforçar que Lula é de centro para desfazer a imagem de que ele é de esquerda?
Somente na bolha [de Bolsonaro] ele é esquerdista. Nem a bolha de Lula pensa isso. Porque, para o PT, o presidente não é de esquerda.
– É por isso que o ministro Fernando Haddad tem problemas com o PT?
Ele tem alguns problemas com a extrema esquerda, mas também com a extrema direita. Se ele não tivesse [problemas] com os extremos, seria com o centro. E é melhor se for com extremos. Então, acho que o presidente acertou. No fundo ele é um pragmático, faz o que precisa ser feito na economia.
– Mas o governo resistiu em fazer o ajuste.
Ele está fazendo isso. E você tem que revisar as despesas. Mas é importante dar uma olhada no último andar. Temos R$ 500 bilhões em incentivos fiscais.
– Isso depende mais do Congresso. Como resolver?
Em vez de tirar os benefícios de um setor, corte 10% de todos. É isso que proponho. Eu fiz isso quando era governador [de Alagoas] e funcionou. O estado foi quem mais investiu com recursos próprios. Nossas rodovias [estaduais]superou em qualidade os de São Paulo, por exemplo.
– Essa ideia de cortes funcionaria para emendas parlamentares?
Não, as emendas cresceram muito nos últimos anos porque o governo anterior infantilizou a presidência da República. Como não existe vácuo de poder, ele foi ocupado e o orçamento migrou em parcela significativa para o parlamento. O presidente Lula tenta criar lógica. É possível retirar de uma vez do marco a aprovação da reforma tributária, garantindo a governabilidade? Talvez não.
– As alterações não ajudam o Dnit, por exemplo, na manutenção das rodovias federais?
O Dnit tem orçamento próprio e incentiva doações de emendas. O problema é que um projeto de infraestrutura não tem o mesmo poder eleitoral que uma escola do bairro, um posto de saúde ou uma calçada. Na discussão que o STF está travando, o que se discute é garantir parte das emendas de bancada para obras estruturais. Algo em torno de 20% poderia ser direcionado para isso e o Dnit tem o maior portfólio de obras estruturantes.
– Essa discussão será definida em conjunto com o corte de gastos?
Ela é casada. Quando votarmos o orçamento, espero que esta questão das alterações de bancada já tenha sido decidida.
– Então, em vez de recortar, sua pasta poderia ter mais recursos?
Se obrigarem as alterações de bancada a serem para obras de infraestrutura, a chance é grande.
– Quanto tempo vai durar o seu corte?
Entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão. Acho que ainda há espaço para, de alguma forma, recuperar.
Raio X | Renan Filho, 45 – Maratonista e filho de Renan Calheiros, Renanzinho, como é conhecido, é formado em ciências econômicas pela UnB e tem carreira na política. Foi prefeito de Murici (2005-2010), deputado federal (2011-2015), governador de Alagoas (2015-2022) e foi eleito senador em 2022. Formou-se para assumir o ministério em 2023. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
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“Nem para o PT, Lula é de esquerda”, diz ministro dos Transportes
10/11/2024
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