“Não se mexe em instituições que estão funcionando”, diz o ministro Barroso após pacote anti-STF avançar na Câmara dos Deputados

“Não se mexe em instituições que estão funcionando”, diz o ministro Barroso após pacote anti-STF avançar na Câmara dos Deputados


Presidente do Supremo reage após decisão da CCJ da Câmara dos Deputados e cita “interesses políticos circunstanciais”

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Presidente do STF reage após decisão da CCJ da Câmara e cita “interesses políticos circunstanciais” (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Roberto Barroso, disse nesta quinta-feira (10) que a Corte “serviu bem” o país e que “não mexe” em instituições que funcionam por “interesses políticos” e circunstâncias eleitorais.

O discurso foi feito na abertura do plenário do Supremo, um dia depois de um pacote de medidas que restringem as competências do Supremo ter sido aprovado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados.

“Decidimos as questões mais polêmicas da sociedade brasileira, em um mundo plural. Não há unanimidade”, afirmou. “No entanto, não há alterações nas instituições que estão a funcionar e a cumprir bem a sua missão devido às injunções de interesses políticos circunstanciais e de ciclos eleitorais”, acrescentou.

Segundo Barroso, as Constituições existem para que “os valores permanentes não sejam afetados pelas paixões de cada momento”. “Nós aqui continuamos firmes na defesa da democracia, do pluralismo e da independência e harmonia entre os Poderes”, declarou. Barroso disse que o Supremo é “propenso a erros e sujeito a críticas e medidas de melhoria”, como “toda instituição humana”.

“No entanto, se o objectivo de uma Constituição é garantir o governo da maioria, o Estado de Direito e os direitos fundamentais, e se o seu guardião é o Supremo Tribunal, chegamos à conclusão reconfortante de que o Tribunal cumpriu o seu papel e serviu bem ao país nestes 36 anos de vigência da Carta de 1988”. “Não aspiramos à unanimidade, porque ela não existe numa sociedade plural. O pensamento único é uma ditadura”, declarou o presidente do STF.

Pacote anti-STF

Na quarta-feira (09), a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou propostas e projetos que permitem ao Congresso suspender decisões do STF e que ampliam as chances de crimes de responsabilidade de magistrados.

Depois de aprovadas, as propostas precisam ser analisadas por uma comissão específica, que ainda deverá ser criada e instalada. Caso passe na Câmara sem alterações na comissão especial e no plenário, o texto poderá ir para promulgação.