“Não estou levando dinheiro do Neymar”, diz Flávio Bolsonaro ao chamar “privatização de praias” de fake news

“Não estou levando dinheiro do Neymar”, diz Flávio Bolsonaro ao chamar “privatização de praias” de fake news


Flávio negou atender interesses pessoais com a pauta.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Flávio negou atender interesses pessoais com a pauta. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que fará alterações na Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que ficou conhecida como “PEC das Praias”, para deixar claro que o texto não autorizará a privatização de trechos da rede brasileira costa. Relator do projeto no Senado, negou atender interesses pessoais com a pauta.

“Não sou dono da área beneficiada, não estou tirando dinheiro do Neymar nem do projeto que ele vai realizar. Isto é narrativa. Quero desconstruir as fake news sobre a privatização das praias”, disse o senador em entrevista ao jornal O Globo.

Segundo o senador, o objetivo da PEC é eliminar os impostos cobrados desde o século 19 e incentivar novos investimentos no setor turístico do país. “[Pretendo] acabar com o foro, o laudêmio e a taxa de ocupação, para dar segurança jurídica para que as pessoas possam ser de fato donas”, disse ao jornal.

A PEC prevê a transferência das chamadas “terras marinhas” para estados, municípios ou proprietários privados (entenda os principais pontos do projeto). O projeto, que atualmente está em discussão no Senado, gerou polêmica depois que opositores e ambientalistas entenderam que o texto abre a possibilidade de privatização de terras no litoral que hoje pertencem à União.

Atualmente, a União permite que proprietários privados, sejam pessoas físicas ou jurídicas, utilizem e transfiram “terras de marinha”, desde que paguem o laudêmio, taxa que deixaria de existir caso a PEC fosse aprovada.

Segundo Flávio Bolsonaro, as praias não serão bloqueadas caso a PEC seja promulgada. “O direito de passagem já existe hoje, o que obriga o proprietário privado a garantir o acesso a algo público como a praia”, disse à Globo.

A Constituição Federal prevê que essas terras sejam bens da União, sem qualquer relação com a Marinha das Forças Armadas. Segundo estimativas da Secretaria de Gestão do Patrimônio da União (SPU), existem cerca de 2,9 milhões de imóveis localizados em terrenos marinhos.

Destes, o Ministério da Gestão e Inovação possui atualmente um total de 564 mil imóveis cadastrados, resultando em uma arrecadação de R$ 1,1 bilhão em taxas em 2023. Os imóveis estão localizados em uma faixa de 33 metros até dentro do continente, com base em a linha média da maré alta, que leva em consideração as marés máximas registradas em 1831.

A PEC, por sua vez, propõe o fim da premiação para quem adquirir 17% da participação que a União tem nos imóveis.