Motorista de Porsche atropela e mata lavrador no Rio de Janeiro

A Justiça do Rio de Janeiro determinou a prisão preventiva de Renan Rocha da Silva, conhecido como “Renan do Grau”, identificado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro como o motorista que atropelou e matou, em Teresópolis (RJ), um agricultor que estava dirigindo uma moto. O Judiciário acatou o pedido do Ministério Público (MP-RJ).

Renan, de 24 anos, está foragido. O pedido de prisão foi feito porque o influenciador descumpriu ordens judiciais e cometeu novas infrações. Segundo o MP-RJ, o acusado ignorou a medida cautelar de reclusão domiciliar noturna e a proibição de dirigir veículo, apesar de ter a carteira suspensa.

O atropelamento de Adilson de Lima, 47 anos —pelo qual Renan é considerado responsável— ocorreu no dia 1º de agosto, no quilômetro 74 da rodovia BR-116, em Três Córregos, município do município de Teresópolis. O agricultor morreu no local. A polícia atribui o crime ao influenciador porque, pouco antes do acidente, ele foi flagrado por câmeras de segurança calibrando os pneus de um modelo Porsche Boxster, em um posto de gasolina.

A defesa de Renan nega que ele tenha atropelado e matado Adilson —outra pessoa se apresentou como motorista do carro. Porém, os advogados Felipe Cassimiro e Eduardo Velith evitaram responder se o Porsche pertence ao influenciador.

“Renan do Grau” ou “Carioca Crazy” tem mais de 247 mil seguidores no Instagram. Ganhou notoriedade ao postar vídeos nas redes sociais realizando manobras perigosas com motocicletas, jet skis e triciclos. Renan tem mandado de prisão pendente por crimes de trânsito —dirigir perigosamente e dirigir sem carteira são dois deles. Ele também foi preso há dois anos, mas a pena foi substituída por medidas cautelares.

Terceiro acidente

A morte do agricultor é o terceiro acidente fatal deste ano envolvendo um modelo Porsche. A primeira ocorreu em abril, quando um 911 Carrera GTS 2023, dirigido pelo empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, bateu na traseira do Renault Sandero dirigido pelo motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana.

Câmeras de segurança mostram que Sastre dirigia em alta velocidade pela Avenida Salim Farah Maluf, na Zona Leste de São Paulo, quando colidiu com o carro de Ornaldo. O empresário foi liberado pelos agentes de trânsito sem ter feito o exame que determinaria se ele dirigia embriagado. Há, no entanto, evidências de que Sastre havia consumido álcool antes do acidente.

No dia 29 de julho, um desentendimento entre um motociclista e um empresário de 27 anos terminou em tragédia, também em São Paulo. Igor Sauceda perseguiu e jogou seu Porsche Cayman, segundo a Polícia Civil, contra Pedro Kaiki de Figueiredo, 21, que pouco antes havia chutado o retrovisor do esportivo, indignado com uma manobra que quase o derrubou.

Segundo câmeras de segurança, Sauceda perseguiu Kaiki em alta velocidade, até que ele conseguiu colidir com o motociclista —e, descontrolado, bateu em uma árvore.

Investimento em educação

Devido aos três acidentes fatais envolvendo carros da marca, o representante da Porsche no Brasil se pronunciou ontem em comunicado, destacando que “reafirma seu compromisso com a segurança nas vias públicas e o respeito às normas estabelecidas no Código Nacional de Trânsito”.

“Investimos fortemente em programas de treinamento de direção como forma de aumentar a segurança no uso de automóveis. Também oferecemos um amplo portfólio de oportunidades para utilização de veículos em ambientes seguros e controlados”, afirma trecho da nota do representante da Alemanha fábrica.

Nos três episódios, a marca está isenta de qualquer responsabilidade em relação às mortes. Em São Paulo, os motoristas dos Porsches envolvidos nos desastres estão em prisão preventiva, aguardando julgamento.