Ministro do Supremo Flávio Dino analisa explicações da Câmara após nova resposta sobre liberação de emendas

Ministro do Supremo Flávio Dino analisa explicações da Câmara após nova resposta sobre liberação de emendas


Câmara aguarda resposta de Dino para saber se a resposta enviada é ou não suficiente

Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF

A Câmara aguarda resposta de Dino para saber se a resposta enviada é suficiente ou não. (Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF)

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), inicia neste sábado (28) a análise das explicações da Câmara dos Deputados sobre o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão. As respostas foram enviadas pela Câmara na noite de sexta-feira (27), cumprindo o prazo de envio, às 20h.

Com a petição enviada, a Câmara aguarda resposta de Dino para saber se a resposta enviada é suficiente ou não e, principalmente, se as alterações permanecerão suspensas ou se serão liberadas.

No documento, a Câmara dos Deputados afirma que não havia previsão legal para que indicações de emendas em comissões tivessem que ser votadas pelas comissões antes da Lei Complementar nº 210, de 2024, promulgada para cumprir as regras de liberação de recursos.

A Câmara reforçou a aprovação que teve do Executivo sobre a tramitação das alterações, que, segundo o documento, acompanhou pareceres dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e Orçamento, da Gestão, da Casa Civil e da Advocacia-Geral da União (AGU).

“Reitera-se a plena legalidade do procedimento adotado pelos líderes do Congresso Nacional, tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado Federal, sob orientação jurídica dos ministérios”, afirmou a Câmara.

“Os argumentos de que a deliberação das alterações da comissão é oculta ou fantasiosa não são válidos, pois estão documentados detalhadamente nos autos, com ampla publicação na internet. Também não existe “dinheiro novo”, não deliberado pelos órgãos competentes”, afirmou o advogado da Câmara Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva no comunicado enviado ao Supremo.

A Câmara rebate o argumento de que a suspensão das atividades seria uma estratégia para impedir a deliberação das comissões.

“Essa suspensão ocorreu para possibilitar, de forma concentrada, a votação das propostas de controle de gastos do Poder Executivo”, disse Queiroz e Silva.

O advogado da Câmara afirma ainda que a “interrupção abrupta da execução orçamental” poderá levar à descontinuidade de serviços públicos fundamentais e, na área da saúde, poderá comprometer o cumprimento pela União das despesas mínimas exigidas pelo art. 198 da Constituição.

“Além disso, é importante destacar que a interrupção abrupta da execução orçamentária em matéria de saúde nos últimos dias do exercício de 2024 poderá, inclusive, colocar em risco o cumprimento, pela União, dos gastos mínimos previstos no art. 198, §2º, da Constituição”.

A Câmara informou ainda que não irá recorrer da decisão do ministro Flávio Dino. Segundo o documento, a apresentação de recurso caberia ao Congresso, uma vez que a execução das emendas cabe às duas Casas Legislativas: a Câmara e o Senado.

Emendas

Em dezembro de 2022, o STF entendeu que as emendas denominadas RP8 e RP9 eram inconstitucionais. Após a decisão, o Congresso Nacional aprovou resolução que alterou as regras de distribuição de recursos por meio de emendas do relator para cumprir determinação do Tribunal.

No entanto, o PSOL, partido que moveu a ação contra as alterações, destacou que a decisão continuava em descumprimento. Após a aposentadoria da ministra Rosa Weber, relatora original do caso, Flávio Dino assumiu a condução do processo.

Em agosto deste ano, Dino determinou a suspensão dos aditivos e decidiu que os repasses deverão seguir critérios de rastreabilidade. O ministro também determinou que a Controladoria-Geral da União (CGU) audite os repasses dos parlamentares por meio de emendas ao orçamento secreto. As informações são do portal de notícias CNN Brasil.