Ministro do Supremo cogita expropriar terras e impor restrições em áreas queimadas

Ministro do Supremo cogita expropriar terras e impor restrições em áreas queimadas


Dino quer uma avaliação sobre a possível aplicação do artigo 243 da Constituição Federal aos casos de desmatamento ilegal. (Foto: Andressa Anholete/SCO/STF)

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu a realização de estudos sobre a possibilidade de desapropriação de terras ou aplicação de restrições a propriedades onde seja identificado desmatamento ilegal por meio de queimadas intencionais. O ministro ordenou que o governo federal, os partidos políticos, as instituições da sociedade civil e a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestassem.

Devem também comentar sobre possíveis obstáculos aos programas de regularização fundiária em áreas de incêndio criminoso. O prazo para envio de manifestações ao STF é de 15 dias.

Dino quer uma avaliação da possível aplicação, em casos de desmatamento ilegal, do artigo 243 da Constituição Federal, que diz: “Imóveis rurais e urbanos em qualquer região do país onde sejam cultivadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo. localizados na forma da lei, serão desapropriados e destinados a programas de reforma agrária e de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (Redação da EC 81/2014)”.

A medida faz parte do pacote sugerido por Dino, após mais uma audiência de conciliação sobre emergências climáticas. Na reunião anterior, o ministro determinou a retirada imediata dos bombeiros militares dos Estados e também autorizou a abertura de crédito extraordinário, fora do âmbito fiscal, para combate a incêndios em todo o país.”

Supervisão e leis

No despacho assinado nesta quinta-feira (19), ele nomeou um conjunto de tribunais com competência na Amazônia Legal e no Pantanal, para fiscalizar investigações e processos que tratam de crimes ambientais.

O ministro deu prazo de 30 dias para que o Ministério do Meio Ambiente e o BNDES forneçam informações sobre os projetos emergenciais pendentes de análise e o cronograma do Fundo Amazônia. Dino ainda quer um levantamento sobre a quantidade e os valores dos autos de infração ambiental e tem exigido fiscalização do Ibama e dos Estados nos municípios que concentram 85% dos focos de calor extremo em todas as regiões do país.

Na última audiência sobre emergências climáticas, ficou acordado que o ministro Herman Benjamin, presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Observatório Ambiental do Conselho Nacional de Justiça, coordenará a elaboração de propostas de alterações na lei sobre penas impostas a responsáveis para incêndios florestais. As propostas serão levadas ao Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.