Ministro Dias Toffoli afirma que anulou decisões da Lava Jato com “muita tristeza” de ver que “o Estado andou errado”

Ministro Dias Toffoli afirma que anulou decisões da Lava Jato com “muita tristeza” de ver que “o Estado andou errado”


Durante o depoimento, o juiz defendeu a necessidade de regularidade na conduta do Estado.

Foto: Carlos Moura/SCO/STF

Durante o depoimento, o juiz defendeu a necessidade de regularidade na conduta do Estado. (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que cancelou com “muita tristeza” os pedidos de investigação no âmbito da operação Lava Jato. A fala de Toffoli aconteceu durante sessão da Segunda Turma do Tribunal, nesta terça-feira (15). O julgamento tratava de um caso que tratava da atuação do Ministério Público e do Judiciário na investigação de uma ação criminosa de lavagem de dinheiro.

Durante sua fala, o juiz defendeu a necessidade de regular conduta do Estado e citou, como exemplo, os casos em que concedeu prorrogações, aos investigadores da Lava Jato, de decisões que anularam atos da operação.

Em maio deste ano, o ministro anulou decisões contra Marcelo Odebrecht, e também determinou a suspensão de todos os processos criminais contra o empresário. Em setembro, também anulou as condenações do empresário Leo Pinheiro, ex-presidente da OEA, um dos principais denunciantes da operação. Segundo Toffoli, as determinações visavam garantir o direito à ampla defesa.

“Fazemos isso com muita tristeza, porque quem errou foi o Estado. O Estado investigador ou o Estado acusador. E o Estado julgador está aí exatamente para colocar freios e contrapesos e garantir o que a Constituição dá ao cidadão, que é a plenitude da defesa.” “Todos nós sabemos aonde levou a falta de defesa total. Como os processos foram realizados de forma incorreta e ilegal”, continuou.

No entanto, Toffoli afirmou que apesar dos casos em que concedeu a anulação dos processos, outros pedidos semelhantes foram negados.

“Recentemente, tive a oportunidade de ser questionado sobre as decisões recentes que tomei, todas as quais já foram levadas ao Painel […]. Mas, o que ninguém divulga: já neguei mais de 140 prorrogações de pedidos de nulidade em que pessoas condenadas na chamada operação Lava Jato solicitaram prorrogação porque alegaram que também foram afetadas pelas provas desse sistema que chegaram sem devido respaldo jurídico”, continuou. .
Segundo ele, foram “poucos casos” em que as partes conseguiram demonstrar que as provas declaradas nulas foram utilizadas para fundamentar decisões judiciais.

“Foram poucos casos. Neguei a prorrogação em mais de 140 casos, e todos os dias estamos julgando a manutenção das suspensões no Plenário virtual. Em alguns casos, o Ministério Público nem recorreu, no caso da aprovação, porque a prorrogação era óbvia. E recorreu em mais dois ou três casos de grande repercussão, e sabemos por que isso acontece.”