Ministro declara emergência zoossanitária no RS

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério da Agricultura declarou nesta sexta-feira (19) estado de emergência sanitária animal no Rio Grande do Sul após um estabelecimento no interior do estado registrar um surto da doença de Newcastle pela primeira vez no país em 18 anos.

A doença de Newcastle (DCNT) é uma doença viral que afeta aves domésticas e silvestres, causando sinais respiratórios, muitas vezes seguidos de manifestações nervosas, diarreia e edema de cabeça nos animais. É comum que os animais andem cambaleantes e consumam menos água e comida.

O caso foi registrado em um estabelecimento comercial de avicultura em Anta Gorda (186 quilômetros de Porto Alegre), que estava fechado e proibido de movimentar aves.

A portaria do ministério terá validade de 90 dias e prevê um pacote de medidas para erradicar o surto, que inclui eliminação e destruição de aves, desinfecção do local onde a doença foi confirmada, investigação num raio de dez quilômetros do fazenda e adoção de barreiras sanitárias.

Nesta quinta-feira (18), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que não há vestígios de outros animais doentes na fazenda ou na região de Anta Gorda e que os países que compram carne de frango do Brasil estão sendo notificados sobre o foco registrado.

“Hoje o Brasil representa quase 40% da carne de frango consumida no mundo e cada país tem um protocolo. Tem países que regionalizam num raio de 50 quilômetros, 10 quilômetros, que fecham o estado ou que fecham o país”, afirmou o ministro ao chegar em Porto Alegre, onde já tinha agenda.

Fávaro disse ainda que não há risco para o consumidor. “Esta não é uma zoonose transmissível, então não há necessidade de ter medo de continuar consumindo carne de frango, ovos, qualquer coisa assim”.

A doença é causada pela infecção por um vírus pertencente ao grupo do paramixovírus aviário sorotipo 1, virulento em aves produzidas comercialmente. Por atacar o sistema respiratório, pode ser confundida com a gripe aviária. Em humanos, pode causar conjuntivite transitória, segundo ficha técnica do ministério.

No ano passado, o registro de casos silvestres de gripe aviária no país também gerou decreto de emergência sanitária animal, como foi o caso do Paraná, por exemplo.

Segundo o ministério, a confirmação foi informada às 16h desta quarta-feira (17) pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo, referência internacional para diagnóstico da doença de Newcastle.

A confirmação da doença provocou queda nas ações das empresas do setor e gerou manifestações de entidades ligadas à avicultura.

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e a Asgav (Associação Gaúcha de Avicultura) informaram que estão monitorando e apoiando as ações do ministério e da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul em relação à amostra positiva para a doença na fazenda.

“As autoridades federais e estaduais agiram rapidamente para identificar o caso, fechando a fazenda, garantindo que não havia saída de aves. Os protocolos oficiais estabelecidos para mitigar a situação específica foram acionados e o entorno continua sendo monitorado”, afirmaram as associações em uma afirmação. definir.

O Rio Grande do Sul iniciou nesta quinta-feira um plano de ação para conter o surto da doença, por meio da Secretaria de Agricultura.

Além da investigação num raio de dez quilómetros do foco da doença, foi traçado outro perímetro de vigilância, num raio de três quilómetros.

Neste raio menor, há 75 propriedades rurais em fiscalização. Na maior, são mais 801. A secretaria disponibiliza barreiras de desinfecção e bloqueio, além de desvios, dentro deste perímetro de três quilômetros. As barreiras terão apoio da Brigada Militar.

Os últimos registros da doença no país ocorreram há 18 anos, também no Rio Grande do Sul e em outros dois estados -Amazonas e Mato Grosso- e fizeram com que os países suspendessem as importações de aves vivas do Brasil na época.

Naquele ano, foram detectados 17 casos em aves de uma pequena propriedade rural em Vale Real (a 90 quilômetros de Porto Alegre), que não atendia frigoríficos nem fazia parte da cadeia produtiva do setor.

Antes dos casos registrados em 2006, o Brasil já havia confirmado casos da doença de Newcastle em abril de 2001, depois de ela existir no país há mais de cinco décadas.