Meta encerra programas de diversidade após liberar falas ofensivas contra comunidade LGBTQIA+

Meta encerra programas de diversidade após liberar falas ofensivas contra comunidade LGBTQIA+


Mark Zuckerberg, CEO da Meta, flexibilizou sua compreensão sobre o discurso de ódio nas redes sociais, (Foto: Reprodução)

No final da semana, a Meta anunciou o fim dos seus programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), segundo informações divulgadas pela Axios e pelo New York Post. A decisão ocorre na mesma semana em que a empresa, dona do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp, alterou seus termos de uso e gerou polêmica com mudanças na moderação de conteúdo.

O anúncio foi feito por Janelle Gale, vice-presidente de recursos humanos da Meta, por meio da rede de comunicação interna da empresa. No documento, Gale justificou que o cenário político e jurídico dos Estados Unidos influenciou a decisão. Em outras palavras, a eleição de Donald Trump.

“O panorama jurídico e político em torno dos esforços de diversidade, equidade e inclusão nos Estados Unidos está a mudar”, disse ele. Segundo Gale, o termo “DEI” tornou-se controverso, “em parte porque é entendido por alguns como uma prática que sugere tratamento preferencial de alguns grupos em detrimento de outros”. Alguns, nesses casos, são conservadores.

Moderação de conteúdo

A Meta anunciou também alterações na moderação das publicações nas suas plataformas, focando-se em temas considerados mais graves, como terrorismo, tráfico de droga, burlas e exploração sexual, ao mesmo tempo que questões relacionadas com a imigração e identidade de género terão mais moderação. light, de acordo com a nova política da empresa.

O trecho do documento que trata da política de transparência causou indignação ao permitir que discursos que classificam pessoas LGBTQIA+ como “doentes mentais” ou “anormais” fossem veiculados sob a justificativa da liberdade religiosa e política.

“Permitimos alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas no género ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso em torno do transgenerismo e da homossexualidade”, diz a orientação atualizada.

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) entrou com uma representação junto ao Ministério Público Federal (MPF) contra a Meta, alegando que as mudanças contradizem os avanços conquistados nos direitos LGBTQIA+. A entidade lembrou que, em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da classificação internacional de doenças.

Alinhado com Trump

Antecipando uma reação, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, aproveitou as mudanças para criticar governos internacionais que, segundo ele, impõem censura às empresas de tecnologia dos Estados Unidos.

“Trabalharemos com o presidente Trump para resistir aos governos de todo o mundo que perseguem as empresas dos EUA e querem censurar mais”, disse Zuckerberg em comunicado.

O executivo citou leis europeias e supostos tribunais secretos na América Latina como exemplos de restrições à liberdade de expressão nas redes sociais. “A Europa tem um número crescente de leis que institucionalizam a censura, tornando difícil criar algo inovador lá. Os países latino-americanos têm tribunais secretos que exigem que as empresas removam conteúdo sub-repticiamente. A China censura a execução de nossos aplicativos lá. A única forma de resistir a esta tendência global é com o apoio do Governo dos EUA”, declarou.

Repercussão

As decisões recentes da Meta já estão a gerar debates à escala global, com especialistas em direitos humanos e grupos civis a alertar para os riscos de amplificar o discurso de ódio sob a justificação da liberdade de expressão. A União Europeia rebateu as declarações de Zuckerberg e disse que rejeita “categoricamente” as acusações de censura de Zuckerberg.

As mudanças prometem ainda mais tensão em relação ao papel das redes sociais na regulação de conteúdos sensíveis. No ano passado, X foi usado como combustível para alimentar o ódio contra os imigrantes no Reino Unido, resultando em violentos tumultos raciais. A nova diretriz da Meta permite que Facebook, Instagram e Threads se juntem a essa tendência.