Médico de Lula: “Foi um sangramento cerebral. Independentemente da idade, a viagem teria que ser cancelada”

Médico de Lula: “Foi um sangramento cerebral. Independentemente da idade, a viagem teria que ser cancelada”


Lula tem liberdade para trabalhar normalmente, inclusive no Palácio do Planalto, se preferir. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A queda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite de sábado (19) dentro de um banheiro do Palácio da Alvorada resultou em um “pequeno sangramento cerebral”, segundo seu médico pessoal, Roberto Kalil. Ou, para usar um termo mais técnico, ocorreu uma contusão cerebral hemorrágica.

Lula tem liberdade para trabalhar normalmente, inclusive no Palácio do Planalto, se preferir. Mas ele ficará em observação pelas próximas 72 horas. Nesta terça-feira (22), ele fará novos exames.

Fala Kalil sobre sua decisão de suspender a viagem que Lula, de 78 anos (79 no próximo domingo), faria hoje a Moscou, onde participaria de reunião de cúpula dos países do BRICS:

“Qualquer um teria que tomar os mesmos cuidados. Independentemente da idade, a viagem teria que ser cancelada.”

Mauro Vieira

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lidera a delegação brasileira que participará da Cúpula do BRICS na Rússia, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofrer um acidente doméstico no sábado. O grupo embarcou na noite de domingo (20) com destino a Kazan para participar do evento que acontece de 22 a 24 de outubro.

Vieira foi neste domingo ao Palácio da Alvorada conversar com Lula sobre o novo formato de participação do Brasil na cúpula. Segundo o Palácio do Planalto, Lula participará da Cúpula do Brics por videoconferência.

Além de Vieira, Lula conversou com ministros que o acompanhariam na Cúpula do Brics para reajustar sua participação, como Alexandre Silveira (Minas e Energia), que também não viajou.

A Cúpula dos BRICS, formada inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, também incluiu, desde o ano passado, Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia.

Com a entrada de nações com regimes antidemocráticos, e mais de 30 outros candidatos a fazer parte do clube, como Venezuela e Nicarágua, Lula aproveitaria a viagem para recorrer ao pragmatismo e levar na mala a defesa de dois pontos considerados prioridades na sua política externa. .

São a reforma da governança global, com destaque para o Conselho de Segurança da ONU, e a busca de formas para que os países do bloco dependam menos do dólar nas transações comerciais e de organismos multilaterais de crédito, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. .

O Brasil assumirá a presidência do Brics em janeiro de 2025, mas concentrará suas atividades no bloco no primeiro semestre do ano. No último semestre, o foco será a COP 30, conferência global sobre o clima, realizada em Belém (PA).

Agora por videoconferência, a ideia é que Lula possa argumentar que haverá resultados concretos, como aconteceu em 2014, na cúpula realizada em Fortaleza (CE), com a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), ou Banco do Brics.