Liliane Ribeiro dos Santos, 33 anos, da Bahia, finalmente iria realizar o desejo de ser mãe. Ela, que estava grávida de 31 semanas, entrou em trabalho no dia 29 de outubro, sendo internada na maternidade Albert Sabin, em Salvador (BA). Ela deu à luz em 31 de outubro. Mas em vez de sair com o filho nos braços, ela viu seu bebê morrer logo após o nascimento. Segundo a mãe, foi o obstetra quem matou a criança, perfurando seu pescoço com unha de gel.
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“A dor é incomensurável. Você não tem ideia de como é doloroso perder um filho. Achei que não ia conseguir, que ia ter um infarto de dor. Mas eu era forte, eu era forte. Eu falava o tempo todo ‘meu Deus, me dá forças para a Beli (Anabelly, como seria chamada a criança)’ se despedir da minha filha. Fui forte, consegui me despedir. Mas a dor, gente, não sei nem como explicar para vocês”, confessou a mãe, em entrevista à TV Record.
Segundo ela, a morte do bebê foi uma das diversas formas de violência que sofreu durante sua permanência na maternidade. Liliane afirma que foi obrigada a fazer parto natural, mesmo com recomendação de cesárea; além de ter sido maltratada pela equipe e abandonada pelo médico antes da conclusão do parto.
“Ela nem tinha amor pelos outros, saiu e deixou minha filha à mercê da morte, isso não se faz”, disse ele em entrevista à TV Globo. A mãe disse que ela fez tudo pré-natal e não houve problemas de saúde durante a gravidez e o bebê estava saudável. A recomendação de cesárea, porém, foi porque a criança era muito grande e, por questões de segurança, seria melhor fazer uma cirurgia.
Erros no serviço
Ainda segundo Liliane, ela chegou à maternidade com a bolsa estourada e líquido amniótico escorrendo pelas pernas. Mesmo assim, ela teve que esperar para ser atendida e só foi levada para dar à luz no dia seguinte. A mãe diz que esperou 40 minutos para ser atendida.
No centro cirúrgico, Liliane conta que a equipe disse para ela fazer força, pois ela ficaria “despedaçada”. Ela também disse que um funcionário pediu que ela “parasse de ser presunçosa”. Quando a cabeça da criança saiu, o médico fez uma manobra para retirá-la da vagina. “Quando ela terminou de puxar (o bebê), parei e vi a luva rasgada e a unha dela. Era enorme, parecia aquela unha de gel, mas eu não sabia que a unha dela tinha furado o pescoço do meu bebê”, acusou.
Foi então que o médico saiu da sala de parto, deixando a equipe reanimar a criança. A morte foi logo confirmada. O hospital teria dito à família que a menina nasceu morta, o que a mãe contesta. “Como minha filha me deixou morta se, antes de entrar na sala de parto, ela estava viva? Se eu a sentisse se mover? Se o médico mostrasse ao meu marido a cabeça dela mexendo? Se eles tentassem ressuscitar? Minha filha não estava morta”, questionou Liliane.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e o corpo do bebê passa por necropsia, que deve ser concluída em até 30 dias.
Maternidade diz que bebê nasceu morto
A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) lamentou a morte da criança e disse que está investigando o caso. Confira a nota completa:
“A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) manifesta profundo consternação com o incidente ocorrido na maternidade Albert Sabin. Reiteramos que nossa prioridade é a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos, incluindo pacientes, familiares e profissionais de saúde. profissionais.
Esclarecemos que, após um desfecho infeliz ocorrido durante o procedimento obstétrico, todas as medidas de apoio e acolhimento à família foram imediatamente tomadas, em respeito à dor enfrentada neste momento delicado.
Ressaltamos ainda que será conduzida investigação com rigor para apurar com transparência as circunstâncias do óbito, respeitando os direitos dos envolvidos e mantendo o compromisso com a ética e a excelência no atendimento.
Além disso, é inaceitável que qualquer profissional da área seja submetido a atos de violência no cumprimento de seu dever de cuidado e assistência, e reforçamos que esse tipo de conduta jamais será tolerado em nossas unidades. Nossas equipes de saúde continuam comprometidas em oferecer o melhor atendimento possível, reafirmando a importância do diálogo e do respeito mútuo para enfrentarmos situações tão difíceis com solidariedade”.
Em seguida, a secretaria divulgou nova nota, defendendo seus profissionais: “Todos os profissionais da Maternidade Albert Sabin são orientados a prestar tratamento digno a todos os pacientes. A conduta deve ser pautada por um bom acolhimento e uma melhor assistência. A Secretaria Estadual de Saúde tem investido constantemente em todas as unidades para melhorar os espaços. A Maternidade Albert Sabin passou por diversas reformas. Neste último, foi ampliado e ganhou um centro de parto normal, uma UTI infantil.”
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