Lula defende uma reforma ministerial enxuta; primeira fase deve atingir o próprio PT

Lula defende uma reforma ministerial enxuta; primeira fase deve atingir o próprio PT


Sidônio Palmeira, da Comunicação, é o primeiro nome da reforma. (Foto: Divulgação/Facebook)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu realizar uma reforma ministerial mais enxuta no início do ano. As mudanças, chamadas de “pontuais”, afetarão o PT, que atualmente conta com 11 dos 38 ministérios. A intenção de Lula é desvincular as trocas da pressão dos partidos aliados no Congresso, inicialmente, para não parecer refém do Centrão.

O chefe da Casa Civil, Rui Costa, já afirmou que alguns ajustes na equipa poderão ser feitos ainda este mês, antes da primeira reunião ministerial de 2025, marcada para o dia 21.

Na prática, porém, o presidente terá que mudar de governo posteriormente. As escolhas de Hugo Motta (Republicanos) e Davi Alcolumbre (União Brasil) para presidir a Câmara e o Senado, respectivamente, são dadas como certas em fevereiro. Mas, sem maioria nas Casas legislativas, Lula precisará “reacordar” com aliados do Centrão para ter governabilidade.

A estratégia também visa formar alianças com o PT para as eleições de 2026, quando Lula pretende concorrer a um novo mandato. O problema é que o Centrão não quer garantir esse apoio para a disputa do ano que vem – uns porque já têm pré-candidatos e outros porque querem ver como chegará o governo em 2026. Além disso, partidos como o MDB estão divididos.

Secom

As mudanças no nível superior começaram esta semana com a entrada do publicitário Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social (Secom). Marketeiro da campanha de Lula 2022, Sidônio substituiu Paulo Pimenta (PT) e já começou a mudar a organização da pasta, com foco nas redes sociais (mais informações nesta página).

A nova cara da comunicação governamental passará pela construção de marcas chamativas para os principais ministérios, que ainda não apresentam portfólio de programas. Esta lista inclui os Ministérios da Saúde, Educação e Meio Ambiente. “É um segundo semestre que estamos iniciando”, disse Sidônio, que tomará posse na próxima terça-feira, em referência ao segundo semestre do governo Lula. “O presidente sempre diz que é hora de colher, mas também continuamos plantando. O governo é melhor do que a percepção popular e vamos mostrar isso.”

A etapa inicial da reforma poderá incluir os ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), Cida Gonçalves (Mulher) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação). Os dois primeiros são filiados ao PT e Luciana é presidente do PCdoB. Macêdo afirma que tem sido alvo de “fogo amigo” e não vê reformas em andamento. Após deixar a Secom, na última terça-feira, Pimenta tirou férias. Lula avalia se o agora ex-ministro deve retornar à sua cadeira na Câmara ou ir para a Secretaria-Geral.

Interlocutores do presidente observam ainda que o Ministério da Ciência e Tecnologia poderia ser entregue a um partido do Centrão. Uma das siglas citadas é o PSD de Gilberto Kassab, que elegeu o maior número de prefeitos (891) do país em outubro.

Insatisfação

A bancada do PSD na Câmara queixa-se de não ser atendida pelos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura), membros do partido, e ameaça criar entraves ao governo. Não é só isso: quer trocar o Ministério das Pescas, atualmente com André de Paula, por uma pasta mais robusta.

Há uma percepção no Palácio do Planalto de que Ciência e Tecnologia tem um orçamento muito grande (R$ 3,27 bilhões) para um partido pequeno como o PCdoB, que hoje forma uma federação com PT e PV. O diagnóstico aí é que este ministério deveria atuar com muito mais liderança na política industrial.

Por outro lado, embora tenha sido citado o nome do vice Geraldo Alckmin (PSB) para substituir o ministro da Defesa, José Múcio, não é esse o cenário com o qual o presidente trabalha. Alckmin chefia o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e sua área tem sido elogiada por Lula. Em entrevista à Rádio Eldorado, Alckmin disse que Lula fará “mudanças pontuais” na equipe. “Acho que José Múcio deveria continuar”, disse. No final do ano passado, Múcio já pediu para sair, mas Lula tentou convencê-lo a ficar devido ao andamento das investigações do 8 de Janeiro.

Também são avaliadas mudanças na articulação política do Planalto com o Congresso, atualmente nas mãos de Alexandre Padilha (PT), e no Ministério da Saúde de Nísia Trindade, mas ainda não há decisão. (Estadão Conteúdo)